3 de setembro de 2012

Instruir sem transigir, CEZAR ZILLIG


Jornal de Santa Catarina, 3/9/2012
If you think education is expensive try ignorance.
A julgar pelos melindres do politicamente correto, a Unesco não teve tato algum ao divulgar para o mundo todo que nós, sexta potencia econômica, amargamos um 88º lugar no ranking mundial de educação. Que grosseria, que indiscrição, alardear aos quatro ventos este nosso handicap. Não sabe ela, a Unesco, que em assim agindo pode causar um indelével trauma, um dano moral em 190 milhões de pentacampeões?
Segundo ouvi de alguns professores, escolas e universidades não mais afixam em murais e nem dão a conhecer, relações de notas obtidas pelos alunos para não ferirem suscetibilidades; também pelo receio de virem a responder processos judiciais promovidos pelos lanterninhas alegando dano moral . (A escalada da judicialização é outro mal que assola o país).
Com esta prática, os distraídos ocupantes dos últimos lugares não se dão conta da própria miséria nem veem necessidade de reagir e os bons, os aplicados, não recebem a recompensa da admiração a que fazem jus. Furta-se assim em exercer a mais elementar fórmula pedagógica: exaltar o certo e penitenciar o errado.
Tal como se procura dissimular pífios desempenhos discentes, procura-se deliberada e ideologicamente, maquiar a inépcia educativa institucional através de truques ridículos como a abolição da repetência escolar permitindo que estudantes incapazes, despreparados, ascendam na hierarquia escolar imerecidamente, por exemplo.
Tal atitude, além de causar um mal irreparável à qualidade de todo o processo educativo, fere em particular a dignidade de mestres obrigados a aprovarem alunos desqualificados.
A coroação, o complemento, dessa equivocada política educacional, pautada pela excessiva comiseração, acaba de ser sacramentada através do repulsivo sistema de cotas para ingresso nas universidades. Uma derradeira pá de cal sobre o mérito.
Agora, estudantes que procuraram escapar das deficiências do ensino público se sujeitando a bitributação representada pelo desembolso para custear instrução mais sólida, terão que ceder o passo aos provindos da rede pública, em nada importando caso mais capacitados sejam. Mais uma maneira de se dar logo o peixe...
É oportuna a questão levantada pela RBS do POR QUE deste 88º lugar. Saber o quanto se ignora é um primeiro passo na direção certa. A Unesco apenas alertou que estamos com os fundilhos de fora. Thanks!

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