19 de fevereiro de 2011
Tribuna do Norte Online -
Natal | RN
Secretário de Segurança Aldair Rocha fala sobre as prioridades para a segurança do Rio Grande do Norte |
Roberto Lucena - Repórter O número de homicídios registrados na capital do Rio Grande do Norte cresceu, nos últimos três anos, mais de 39%. Somente em janeiro deste ano, a polícia contabilizou 40 assassinatos. Se a média continuar a mesma durante o resto do ano, ao final de 2011, serão 480 mortes devido à violência. No interior do estado, a situação não é diferente. A ação de quadrilhas fortemente armadas e a expansão do tráfico de drogas, mudaram o mapa da violência no estado. Assim como o RN, outros estados do Nordeste também contabilizam um crescimento nos números de crimes com mortes. Porém, nas regiões Sul e Sudeste do país, gestores em segurança pública constatam um movimento contrário ao registrado no Nordeste. A situação preocupa autoridades e põem em alerta polícia e população.
suerdaSecretário de Segurança Aldair Rocha fala sobre as prioridades para a segurança do Rio Grande do NortePara o professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Edmilson Lopes Júnior, as causas do crescimento da violência no Rio Grande do Norte podem ser explicadas por dois fatores: dinamização da economia e o tráfico de drogas, especialmente o crack. Nos últimos vinte anos, a economia evoluiu e despertou a atenção dos bandidos para as cidades distantes dos centros urbanos onde a presença da polícia não é eficiente, ao mesmo tempo, o crack invadiu praticamente todos os municípios , diz.
As regiões Norte e Oeste de Natal continuam sendo as mais violentas. Os bairros de Nossa Senhora da Apresentação e Felipe Camarão, segundo dados do Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (Ciosp), concentram a maioria dos assassinatos. Em 2008, foram registrados 274 homicídios em Natal. 2009 foi mais violento, com 398 mortes. Ano passado, foram contabilizadas 382 mortes em decorrência da violência.
Mapa
Nos próximos dias, o Instituto Sangari divulgará o Mapa da Violência 2011. Na edição de 2010, o RN aparecia na 16ª posição no ranking dos estados mais violentos do Brasil. O estudo contabilizou os homicídios ocorridos entre 1997 e 2007. Nesse período, houve um aumento de 150% no número de homicídios no estado. Foram 237 casos em 1997 e 594 homicídios no ano de 2007. O atual titular da Secretaria de Estado da Segurança Pública e da Defesa Social (Sesed), Aldair Rocha, desconhece os números dos últimos três anos, mas assegura que houve uma redução na taxa de criminalidade. As informações que tenho apontam para a diminuição dos casos , diz.
Apesar da informação, segundo Aldair, atualmente não há um sistema confiável com relação à coleta dos dados sobre crimes no Rio Grande do Norte. Uma das metas do secretário, é criar uma parceria com alguns órgãos para suprir essa deficiência. As polícias civil e militar, além do Ministério Público, vão se unir para juntar todos os números. As informações que tenho são do Ciosp , afirma.
A polícia sabe onde acontecem os casos mais graves. Sabe onde estão as bocas de fumo. É preciso agir nesses locais , ressalta o professor Edmilson Lopes Júnior. Para ele, o avanço da criminalidade está diretamente relacionado ao comércio das drogas. Mesmo o jovem que não é consumidor, mas que mora em regiões dominadas pelo tráfico, convivem com uma sociabilidade violenta , explica.
Copa e interiorização são prioridades da segurança
Com o intuito de diminuir os números da violência, Aldair Rocha diz que nos próximos anos terá duas prioridades: preparar a capital para receber a Copa do Mundo e criar um programa de interiorização da segurança pública. Nesse sentido, o secretário afirma que já foi criado um grupo que irá criar um plano de segurança da Copa. Representantes das polícia civil, militar e federal, além dos bombeiros, fazem parte do grupo. Vamos encaminhar o projeto ao Ministério da Justiça para angariar recursos. Com relação ao interior do estado, vamos apresentar, em breve, um plano de segurança que irá priorizar os municípios que são sede de comarca , explicou.
Para o professor da UFRN, Edmilson Lopes Júnior, o combate à violência precisa ser feito de diversas formas. Infelizmente as ações da segurança pública, por diversas vezes, vira um espetáculo para impressionar a população. Não deve ser assim. O combate à violência deve começar nas escolas, com o oferecimento de boa educação. É preciso um planejamento a médio e a longo prazo para obtermos resultados positivos , afirma.
A reportagem da TRIBUNA DO NORTE foi às ruas ouvir a população sobre o assunto. Todos os entrevistados afirmam que sofrem com a violência e temem ser a próxima vítima.
realidade - Migração da violência é um fato
Casos de comunidades dominadas por traficantes eram realidade somente em cidades de grandes centros urbanos no Sul e Sudeste do país. Porém, nos últimos anos o Nordeste convive com uma realidade assustadora: o aumento da criminalidade. No último Mapa da Violência, Alagoas (1º), Pernambuco (2º) e Bahia (10º) estavam entre os dez estados mais violentos. São Paulo (25º) e Rio de Janeiro (4º) conseguiram diminuir o número de homicídios.
Os números sugerem que há um movimento migratório da violência. Porém, de acordo com o sociólogo carioca Gláucio Ary Soares, não é isso que ocorre.
As políticas públicas que tantos bons efeitos provocaram em São Paulo começaram no ano de 1999, há doze anos, e desde 2001 vem produzindo efeitos mensuráveis. A queda foi relativamente gradual e contínua. Começou antes da explosão da violência em vários estados da região Nordeste. No estado do Rio de Janeiro, a política direcionada contra o tráfico e as milícias é bem mais recente. Não houve migração massiva no sentido estrito das organizações ligadas ao trafico do Sudeste para o Nordeste, embora certamente traficantes, individualmente e em pequenos grupos, o tenham feito , afirma o sociólogo carioca Gláucio Ary Soares.
Para o secretário de Segurança Pública do Rio Grande do Norte, Aldair Rocha, ainda não há informações sobre essa possível migração de criminosos para o estado potiguar. Não averiguamos isso ainda. As quadrilhas que conseguimos prender são da própria região De acordo com o secretário, a Secretaria vem estudando, principalmente a sua interiorização que poderá ajudar a combater a criminalidade e os casos frequentes de assaltos às cidades do interior que tem sido frequentes.
enquete » Você sente que houve aumento da violência em Natal?
Deuzedison Freire, 42 anos, funcionário público, morador do Pajuçara
Aumentou com certeza. A gente não pode mais sentar para conversar nas calçadas e falta policiamento nas ruas. Lá na zona Norte o sofrimento é grande. Conheço várias histórias de pessoas que foram vítimas de assaltos e alguns chegaram a ser assassinados Neide Oliveira, 34 anos, vendedora, moradora das Rocas
As notícias na TV e nos jornais não deixam a gente mentir. A violência cresceu bastante em Natal. O tráfico de drogas é o maior problema. Tem muito jovem e adolescente morrendo por conta do crack. É muito triste essa situação Zacarias de Souza, 49 anos, vendedor ambulante, morador da comunidade de Santa Maria, em Extremoz
Natal e as outras cidades próximas estão muito violentas. Lá onde eu moro, é difícil ver policial. Só vão mesmo quando alguém morre. A população está abandonada e os bandidos estão nas ruas. É um absurdo isso Maria da Rocha, 33 anos, repositora de supermercado, moradora do Guarapes
A segurança está péssima. Todo dia a gente escuta histórias de gente que foi morta por conta de acertos de contas de drogas. Falta policiamento nas ruas para combater os marginais. Estou grávida e tenho medo do que pode acontecer com minha família Sebastião da Silva, 34 anos, comerciante, morador do Centro
A violência aumentou demais. Semana passada fui vítima de uma tentativa de assalto. Alguns marginais que ficam rodando aqui no Centro quiseram invadir meu comércio. Aqui acontece muitos casos de roubos. O que podemos fazer?
Só rezar
suerdaSecretário de Segurança Aldair Rocha fala sobre as prioridades para a segurança do Rio Grande do NortePara o professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Edmilson Lopes Júnior, as causas do crescimento da violência no Rio Grande do Norte podem ser explicadas por dois fatores: dinamização da economia e o tráfico de drogas, especialmente o crack. Nos últimos vinte anos, a economia evoluiu e despertou a atenção dos bandidos para as cidades distantes dos centros urbanos onde a presença da polícia não é eficiente, ao mesmo tempo, o crack invadiu praticamente todos os municípios , diz.
As regiões Norte e Oeste de Natal continuam sendo as mais violentas. Os bairros de Nossa Senhora da Apresentação e Felipe Camarão, segundo dados do Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (Ciosp), concentram a maioria dos assassinatos. Em 2008, foram registrados 274 homicídios em Natal. 2009 foi mais violento, com 398 mortes. Ano passado, foram contabilizadas 382 mortes em decorrência da violência.
Mapa
Nos próximos dias, o Instituto Sangari divulgará o Mapa da Violência 2011. Na edição de 2010, o RN aparecia na 16ª posição no ranking dos estados mais violentos do Brasil. O estudo contabilizou os homicídios ocorridos entre 1997 e 2007. Nesse período, houve um aumento de 150% no número de homicídios no estado. Foram 237 casos em 1997 e 594 homicídios no ano de 2007. O atual titular da Secretaria de Estado da Segurança Pública e da Defesa Social (Sesed), Aldair Rocha, desconhece os números dos últimos três anos, mas assegura que houve uma redução na taxa de criminalidade. As informações que tenho apontam para a diminuição dos casos , diz.
Apesar da informação, segundo Aldair, atualmente não há um sistema confiável com relação à coleta dos dados sobre crimes no Rio Grande do Norte. Uma das metas do secretário, é criar uma parceria com alguns órgãos para suprir essa deficiência. As polícias civil e militar, além do Ministério Público, vão se unir para juntar todos os números. As informações que tenho são do Ciosp , afirma.
A polícia sabe onde acontecem os casos mais graves. Sabe onde estão as bocas de fumo. É preciso agir nesses locais , ressalta o professor Edmilson Lopes Júnior. Para ele, o avanço da criminalidade está diretamente relacionado ao comércio das drogas. Mesmo o jovem que não é consumidor, mas que mora em regiões dominadas pelo tráfico, convivem com uma sociabilidade violenta , explica.
Copa e interiorização são prioridades da segurança
Com o intuito de diminuir os números da violência, Aldair Rocha diz que nos próximos anos terá duas prioridades: preparar a capital para receber a Copa do Mundo e criar um programa de interiorização da segurança pública. Nesse sentido, o secretário afirma que já foi criado um grupo que irá criar um plano de segurança da Copa. Representantes das polícia civil, militar e federal, além dos bombeiros, fazem parte do grupo. Vamos encaminhar o projeto ao Ministério da Justiça para angariar recursos. Com relação ao interior do estado, vamos apresentar, em breve, um plano de segurança que irá priorizar os municípios que são sede de comarca , explicou.
Para o professor da UFRN, Edmilson Lopes Júnior, o combate à violência precisa ser feito de diversas formas. Infelizmente as ações da segurança pública, por diversas vezes, vira um espetáculo para impressionar a população. Não deve ser assim. O combate à violência deve começar nas escolas, com o oferecimento de boa educação. É preciso um planejamento a médio e a longo prazo para obtermos resultados positivos , afirma.
A reportagem da TRIBUNA DO NORTE foi às ruas ouvir a população sobre o assunto. Todos os entrevistados afirmam que sofrem com a violência e temem ser a próxima vítima.
realidade - Migração da violência é um fato
Casos de comunidades dominadas por traficantes eram realidade somente em cidades de grandes centros urbanos no Sul e Sudeste do país. Porém, nos últimos anos o Nordeste convive com uma realidade assustadora: o aumento da criminalidade. No último Mapa da Violência, Alagoas (1º), Pernambuco (2º) e Bahia (10º) estavam entre os dez estados mais violentos. São Paulo (25º) e Rio de Janeiro (4º) conseguiram diminuir o número de homicídios.
Os números sugerem que há um movimento migratório da violência. Porém, de acordo com o sociólogo carioca Gláucio Ary Soares, não é isso que ocorre.
As políticas públicas que tantos bons efeitos provocaram em São Paulo começaram no ano de 1999, há doze anos, e desde 2001 vem produzindo efeitos mensuráveis. A queda foi relativamente gradual e contínua. Começou antes da explosão da violência em vários estados da região Nordeste. No estado do Rio de Janeiro, a política direcionada contra o tráfico e as milícias é bem mais recente. Não houve migração massiva no sentido estrito das organizações ligadas ao trafico do Sudeste para o Nordeste, embora certamente traficantes, individualmente e em pequenos grupos, o tenham feito , afirma o sociólogo carioca Gláucio Ary Soares.
Para o secretário de Segurança Pública do Rio Grande do Norte, Aldair Rocha, ainda não há informações sobre essa possível migração de criminosos para o estado potiguar. Não averiguamos isso ainda. As quadrilhas que conseguimos prender são da própria região De acordo com o secretário, a Secretaria vem estudando, principalmente a sua interiorização que poderá ajudar a combater a criminalidade e os casos frequentes de assaltos às cidades do interior que tem sido frequentes.
enquete » Você sente que houve aumento da violência em Natal?
Deuzedison Freire, 42 anos, funcionário público, morador do Pajuçara
Aumentou com certeza. A gente não pode mais sentar para conversar nas calçadas e falta policiamento nas ruas. Lá na zona Norte o sofrimento é grande. Conheço várias histórias de pessoas que foram vítimas de assaltos e alguns chegaram a ser assassinados Neide Oliveira, 34 anos, vendedora, moradora das Rocas
As notícias na TV e nos jornais não deixam a gente mentir. A violência cresceu bastante em Natal. O tráfico de drogas é o maior problema. Tem muito jovem e adolescente morrendo por conta do crack. É muito triste essa situação Zacarias de Souza, 49 anos, vendedor ambulante, morador da comunidade de Santa Maria, em Extremoz
Natal e as outras cidades próximas estão muito violentas. Lá onde eu moro, é difícil ver policial. Só vão mesmo quando alguém morre. A população está abandonada e os bandidos estão nas ruas. É um absurdo isso Maria da Rocha, 33 anos, repositora de supermercado, moradora do Guarapes
A segurança está péssima. Todo dia a gente escuta histórias de gente que foi morta por conta de acertos de contas de drogas. Falta policiamento nas ruas para combater os marginais. Estou grávida e tenho medo do que pode acontecer com minha família Sebastião da Silva, 34 anos, comerciante, morador do Centro
A violência aumentou demais. Semana passada fui vítima de uma tentativa de assalto. Alguns marginais que ficam rodando aqui no Centro quiseram invadir meu comércio. Aqui acontece muitos casos de roubos. O que podemos fazer?
Só rezar
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