Christian Rizzi/Gazeta do Povo
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Especialistas dizem que Paraná precisa de ações do poder público para reduzir a taxa de homicídios, que cresceu 84,9% entre 1998 e 2008 A escalada nas taxas de homicídios no Paraná e em Curitiba mostra a necessidade de mais ações para o combate à violência. Para especialistas, o poder público precisa reduzir as desigualdades sociais, ter maior presença nas periferias, investir em medidas educativas e fazer pesquisas locais para conhecer as causas e as características da violência. Divulgado na quinta-feira pelo Ministério da Justiça e pelo Instituto Sangari, o Mapa da Violência mostrou que nos últimos anos o estado passou a apresentar índices semelhantes aos do Rio de Janeiro, que há anos trava uma batalha contra o poder paralelo de traficantes. Em 1998 o Paraná tinha 17,6 homicídios a cada 100 mil habitantes, taxa que saltou para 32,6 dez anos depois (crescimento de 84,9%). Na capital, a taxa subiu de 22,7 para 56,5 (alta de 148,6%).
Os números de homicídios mostram uma inversão nas estatísticas de criminalidade em uma década. Estados e capitais que em 1998 registravam moderada ou baixa letalidade passaram a ocupar posições de destaque em 2008. Curitiba, por exemplo, ficou à frente do Rio de Janeiro na comparação entre as taxas de homicídio das capitais. Em 2009, 77% dos curitibanos acreditavam que a capital pudesse um dia chegar aos padrões de violência do Rio, conforme consulta popular realizada naquele ano pelo instituto Paraná Pesquisas.
O sociólogo e professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná Lindomar Boneti lembra que há diferenças significativas entre Curitiba e Rio e diz acreditar que as duas cidades não têm um cenário semelhante de violência. Segundo ele, Rio e São Paulo produziram uma periferia urbana, atraindo moradores de todas as regiões do Brasil, o que não aconteceu na capital paranaense. Para ele, no entanto, o Paraná precisa olhar mais para as periferias. As periferias urbanas ainda estão muito abandonadas , diz.
Prevenção
César Barreira, professor titular de Sociologia da Universidade Federal do Ceará e coordenador do Laboratório de Estudos da Violência da instituição, observa que os estados mais violentos no passado melhoraram índices investindo em prevenção. Isso provocou a migração dos criminosos. Barreira sugere ações de práticas esportivas, de cultura e de lazer, atividades no contraturno escolar, medidas punitivas e maior preparo policial. Nem tudo está perdido , afirma.
Já o advogado criminal Juarez Cirino dos Santos, professor de Direito Penal e Criminologia da Universidade Federal do Paraná, não é tão otimista. Para ele, a violência tem relação direta com a desigualdade social. Não tem como resolver o problema numa sociedade capitalista, de concentração da riqueza e do poder , comenta Santos, que defende políticas públicas de integração da população excluída.
A socióloga Rosimeri Aquino da Silva, do Grupo de Pesquisa Violência e Cidadania da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, sugere medidas para inserção de jovens e participação da comunidade. O coordenador do Núcleo de Estudos da Cidadania, Conflito e Violência Urbana da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Michel Misse, aponta a necessidade da elaboração de estudos de cada caso em específico. Tem que avaliar, fazer pesquisa, é muito importante financiar pesquisas, melhor maneira de se ter o diagnóstico , diz.
A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa da Secretaria de Estado da Segurança Pública, mas não obteve retorno.
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