Correio Braziliense
JORGE WERTHEIN Doutor em educação pela Stanford University, foi representante da Unesco no Brasil e é vice-presidente da Sangari no Brasil
Em reportagem especial de 6 de fevereiro, o Correio informa que o setor de tecnologia da Índia movimenta US$74 milhões por ano, mas lhe faltam trabalhadores. As empresas têm recrutado mão de obra até em cursos de graduação nas universidades indianas. O presidente da Associação das Empresas de Serviços e de Softwares daquele país, Som Mittral, declarou ao jornal que "o aumento dos investimentos em educação será fundamental". Sem dúvida. A despeito do acelerado crescimento, a Índia ainda ostenta taxas constrangedoras, como 43% de suas crianças fora da escola e 37% de analfabetos.
A Índia é membro do Bric, sigla que representa o grupo de países emergentes formado também por Brasil, Rússia e China. Prepara-se para se tornar a terceira maior potência econômica do planeta nos próximos 40 anos. Com vistas a um crescimento sustentado, vê nos investimentos em educação, saúde e infraestrutura a chave para evitar o que ocorreu com o Brasil, país que mais crescia no mundo na década de 1970, mas que amargou estagnação na década seguinte, com forte concentração de renda.
Se a história do Brasil serve de lição para a Índia, talvez a experiência recente da Índia também sirva de lição para o Brasil. Não que os indianos possuam políticas em tudo superiores às brasileiras. Mas a ambição daquele país pode inspirar maior esforço de crescimento sustentado aqui. Talvez não seja ufanista demais pensar que o Brasil possui muito mais condições favoráveis para acelerar seu crescimento e sustentá-lo do que a Índia. Apesar de sua taxa média de crescimento anual estar na faixa de invejáveis 9% ao ano, o país asiático de 1,2 bilhão de habitantes tem 37% deles, ou seja, 444 milhões, vivendo na miséria. A inflação anual por lá, na casa dos 8,5%, está bem acima da brasileira, assim como a taxa de desemprego, de 10,8%, duas vezes a daqui. Não faltam, portanto, desafios para os indianos, alguns bem maiores que os do Brasil.
Na verdade, de um ponto de vista brasileiro, o crescimento vertiginoso da Índia apresenta duas faces: a da concorrência e a da oportunidade de negócios para o Brasil. Se, por um lado, a Índia cresce e ocupa cada vez maior espaço no cenário econômico internacional, por outro, ela se afigura como mercado consumidor interessante para a indústria e o comércio brasileiros. Há previsão de investimentos na ordem de US$ 1 trilhão entre 2012 e 2017 apenas em infraestrutura naquele país. Empresas verde-amarelas, lá instaladas, poderão participar dessa empreitada. E há espaço para mais, em setores como o farmacêutico, o petrolífero, o agroindustrial, entre outros. Do ponto de vista do consumo de bens e serviços, o país asiático tem uma classe média estimada em 300 milhões de indianos, ávida por produtos de alta tecnologia, como eletroeletrônicos.
Portanto, seja para concorrer no mercado internacional, seja para participar do boom da economia indiana, o Brasil precisa estar preparado. Mão de obra qualificada, inovação, ciência, tecnologia e, especialmente, educação de qualidade fazem a diferença no aproveitamento de oportunidades estratégicas e na garantia de um crescimento sustentado. Especialistas têm apontado esse caminho. Acreditam na possibilidade de o Brasil tornar-se um dos grandes players do mundo do petróleo, especialmente com o uso do pré-sal, ao mesmo tempo em que avança em sua matriz energética (hidroelétricas e biocombustíveis à frente) e aposta em sua conversão em terceiro centro global de TIC (Tecnologia da Informação e da Comunicação).
Muito apropriadamente, aliás, afirmou o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloísio Mercadante, em seu discurso de posse: "Muito embora a nova conformação da geoeconomia mundial, com a urbanização e industrialização de gigantes demográficos como China e Índia, tenha feito saltar os preços das commodities, especialmente das commodities agrícolas e minerais, interrompendo a antiga deterioração dos termos de intercâmbio, o que tem beneficiado muito o Brasil, nosso país não pode depender, para competir no cenário mundial, apenas da exportação de não manufaturados e semimanufaturados. Não podemos nos acomodar e precisamos alavancar nossa produção industrial e de serviços com empresas modernas e competitivas construídas com base tecnológica avançada". Sem dúvida!
Em reportagem especial de 6 de fevereiro, o Correio informa que o setor de tecnologia da Índia movimenta US$74 milhões por ano, mas lhe faltam trabalhadores. As empresas têm recrutado mão de obra até em cursos de graduação nas universidades indianas. O presidente da Associação das Empresas de Serviços e de Softwares daquele país, Som Mittral, declarou ao jornal que "o aumento dos investimentos em educação será fundamental". Sem dúvida. A despeito do acelerado crescimento, a Índia ainda ostenta taxas constrangedoras, como 43% de suas crianças fora da escola e 37% de analfabetos.
A Índia é membro do Bric, sigla que representa o grupo de países emergentes formado também por Brasil, Rússia e China. Prepara-se para se tornar a terceira maior potência econômica do planeta nos próximos 40 anos. Com vistas a um crescimento sustentado, vê nos investimentos em educação, saúde e infraestrutura a chave para evitar o que ocorreu com o Brasil, país que mais crescia no mundo na década de 1970, mas que amargou estagnação na década seguinte, com forte concentração de renda.
Se a história do Brasil serve de lição para a Índia, talvez a experiência recente da Índia também sirva de lição para o Brasil. Não que os indianos possuam políticas em tudo superiores às brasileiras. Mas a ambição daquele país pode inspirar maior esforço de crescimento sustentado aqui. Talvez não seja ufanista demais pensar que o Brasil possui muito mais condições favoráveis para acelerar seu crescimento e sustentá-lo do que a Índia. Apesar de sua taxa média de crescimento anual estar na faixa de invejáveis 9% ao ano, o país asiático de 1,2 bilhão de habitantes tem 37% deles, ou seja, 444 milhões, vivendo na miséria. A inflação anual por lá, na casa dos 8,5%, está bem acima da brasileira, assim como a taxa de desemprego, de 10,8%, duas vezes a daqui. Não faltam, portanto, desafios para os indianos, alguns bem maiores que os do Brasil.
Na verdade, de um ponto de vista brasileiro, o crescimento vertiginoso da Índia apresenta duas faces: a da concorrência e a da oportunidade de negócios para o Brasil. Se, por um lado, a Índia cresce e ocupa cada vez maior espaço no cenário econômico internacional, por outro, ela se afigura como mercado consumidor interessante para a indústria e o comércio brasileiros. Há previsão de investimentos na ordem de US$ 1 trilhão entre 2012 e 2017 apenas em infraestrutura naquele país. Empresas verde-amarelas, lá instaladas, poderão participar dessa empreitada. E há espaço para mais, em setores como o farmacêutico, o petrolífero, o agroindustrial, entre outros. Do ponto de vista do consumo de bens e serviços, o país asiático tem uma classe média estimada em 300 milhões de indianos, ávida por produtos de alta tecnologia, como eletroeletrônicos.
Portanto, seja para concorrer no mercado internacional, seja para participar do boom da economia indiana, o Brasil precisa estar preparado. Mão de obra qualificada, inovação, ciência, tecnologia e, especialmente, educação de qualidade fazem a diferença no aproveitamento de oportunidades estratégicas e na garantia de um crescimento sustentado. Especialistas têm apontado esse caminho. Acreditam na possibilidade de o Brasil tornar-se um dos grandes players do mundo do petróleo, especialmente com o uso do pré-sal, ao mesmo tempo em que avança em sua matriz energética (hidroelétricas e biocombustíveis à frente) e aposta em sua conversão em terceiro centro global de TIC (Tecnologia da Informação e da Comunicação).
Muito apropriadamente, aliás, afirmou o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloísio Mercadante, em seu discurso de posse: "Muito embora a nova conformação da geoeconomia mundial, com a urbanização e industrialização de gigantes demográficos como China e Índia, tenha feito saltar os preços das commodities, especialmente das commodities agrícolas e minerais, interrompendo a antiga deterioração dos termos de intercâmbio, o que tem beneficiado muito o Brasil, nosso país não pode depender, para competir no cenário mundial, apenas da exportação de não manufaturados e semimanufaturados. Não podemos nos acomodar e precisamos alavancar nossa produção industrial e de serviços com empresas modernas e competitivas construídas com base tecnológica avançada". Sem dúvida!
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