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Hélio Schwartsman, articulista da Folha de São Paulo, analisa a necessidade de um reposicionamento da USP.
Aos 77 anos, a USP precisa decidir o que quer ser quando crescer. Os números que a Folha publica hoje sugerem que a vetusta universidade paulista começa a ter arranhada sua até aqui incontestável posição de principal instituição do País.
É claro que a USP tem gordura para queimar. Ela aparece como primeira universidade brasileira em rankings internacionais e responde por cerca de 25% da produção científica do País.
Não é preciso, porém, ser gênio da matemática para prognosticar que, se os melhores alunos do ensino médio estão cada vez mais trocando a USP por outras instituições, é questão de tempo até que isso se reflita na excelência da universidade.
Apesar do marketing, o fator que mais pesa na qualidade de um curso ainda é a qualidade do corpo discente. Existe, é claro, um lado bom nesse fato. Isso é possível porque surgiram bons centros em outros lugares, além de mecanismos - como Fies, ProUni e Sisu.
Não parece despropósito descrever o fenômeno como democratização do ensino superior. Isso cobra da USP um reposicionamento.
Há dois caminhos para a instituição. Ela pode tentar acompanhar e desenvolver novas formas de inclusão. A criação da USP Leste foi um passo. Mas é difícil afirmar que tenha sido um sucesso.
A outra possibilidade é tentar firmar-se como uma universidade de elite, voltada a formar os quadros que darão aulas em outras instituições e à produção de ciência básica. Embora muitos torçam o nariz à menção da palavra "elite", seguir essa rota não chega a ser estranho às tradições da USP.
Ficar no meio do caminho não parece uma opção sábia. De um lado, a democratização está ocorrendo. Alunos ricos ou pobres dependem cada vez menos da USP para cursar uma universidade.
De outro, a instituição enfrentará concorrência cada vez maior (mesmo fora do País) e deve pensar duas vezes antes de dispersar recursos em iniciativas que trarão dividendos duvidosos.
(Folha de São Paulo) |
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