Violencia no Ceara

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Taxa de mortes cresce 40% em uma década

 

Mapa da Violência 2011 revela quadro preocupante no trânsito. Em 2008, foram 39.211 mortes no País (JORGE ALVES)

O aumento na taxa de mortes no trânsito, entre 1998 e 2008, superou índice de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Acidentes são combinação da pouca fiscalização e imprudência O Monza vinha na BR-222. Transportava sete pessoas e tentou ultrapassagem quando chegou ao entorno de Caucaia. Acabou colhido por um caminhão. Bateu de frente, num saldo de três mortes e quatro feridos encaminhados ao Instituto Doutor José Frota (IJF). Era agosto de 2008.
Aquele foi um ano terminado com 1.756 óbitos no Ceará decorrentes de acidentes de transporte. Isso representava uma taxa de 14,8 ocorrências para cada 100 mil habitantes em 1998. Número que, em 2008, saltou para 20,8 casos por 100 mil. Um aumento de 40,4%.
O índice está bem acima da média nacional. Em todo o País, a variação foi de 7,7%. Em 1998, 30.994 mortes foram notificadas. A proporção era de 19,2 óbitos para cada 100 mil brasileiros. Em 2008, foram 39.211 mortes, com 20,7 óbitos para cada 100 mil pessoas.
O crescimento nas estatísticas locais fez o Ceará saltar de 19º estado mais violento no trânsito para o 14º com mais acidentes fatais. O Estado está à frente até de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, onde estão as três maiores metrópoles do País, que ocupam 15ª, 18ª e 22ª posições, respectivamente, no ranking do "Mapa da Violência 2011". O documento foi elaborado pelo Instituto Sangari, em parceria com o Ministério da Justiça.
No Nordeste, em 2008, o Ceará ficou no quarto lugar em mortes por 100 mil habitantes. Os 20,8 casos por grupo ficaram abaixo apenas de Piauí (26,9), Sergipe (23,8) e Paraíba (21,9). Em 1998, a posição era a mesma. Só que com outros estados à frente. Alagoas (24,5), Pernambuco (19,8) e Rio Grande do Norte (17,9) eram os três mais violentos, diante do 14,8 casos.
Os porquês
O aumento nas estatísticas no Ceará pode estar relacionado à inexistência de departamentos municipais de trânsito em 136 cidades, 74%.
Isso indica o descumprindo de determinação do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) datada de 1998 sobre a municipalização do serviço. "Significa que não existe fiscalização nenhuma nesses municípios", esclarece o comandante da Polícia Rodoviária Estadual (PRE), coronel Túlio Studart.
Ele garante a realização de operações conjuntas da PRE com Polícia Rodoviária Federal (PRF) e Departamento Estadual de Trânsito (Detran) em diversos pontos das CEs e BRs. Conforme o coronel, boa parte dos acidentes de trânsito acontece por imprudência ou imperícia do condutor. Os casos mais graves envolvem motociclistas.
Studart considera que aspectos culturais também contribuem para altos índices de morte. "O homem do campo trocou o cavalo pela moto, mas não segue normas", frisa. Segundo o comandante, as principais causas de acidentes são o excesso de velocidade e as ultrapassagens proibidas. "Só vamos reverter o quadro quando tiver integração entre cidadão e Estado".
Enquanto isto não acontecer, a Organização Mundial da Saúde (OMS) continuará considerando o planeta em epidemia por conta das mortes de trânsito.
E agora
ENTENDA A NOTÍCIA
Para evitar que mais cearenses morram em acidentes, é preciso que prefeituras conscientizem-se da importância de se criar departamentos municipais de trânsito. E um pouco mais de bom senso dos motoristas.
LEIA AMANHÃ
Altos índices de morte
Barbalha e Sobral são citadas na lista das cidades com população mínima de 10 mil habitantes e altos índices de mortes por acidentes de transportes. Administrações contestam.
Bruno de Castro brunobrito@opovo.com.br