23 de abril de 2011
O Tempo | Magazine | MG
Um passo à frente na consolidação da cidadania, por meio da defesa do respeito às diferenças, é o que propõe o emprego do uso dos kits anti-homofobia em 6.000 escolas do país, inicialmente. Em meio a uma série de especulações sobre a sua aplicação, o material informativo - ainda em fase de análise pelo Ministério da Educação (MEC) - tem dividido opiniões em todo o país. Idealizado pelos principais movimentos defensores dos direitos LGBTs no Brasil, com o apoio de instituições vinculadas ao programa Escola Sem Homofobia do MEC, a iniciativa, pejorativamente chamada de "kit gay", já foi alvo do ataque de políticos como o deputado federal Jair Bolsonaro (PP/RJ). No âmbito estadual, os deputados João Leite (PSDB) e Vanderlei Miranda (PMDB) também se manifestaram contra o produto em reunião da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Em comum, esses políticos compartilham a visão controversa de que o kit poderia fazer apologia à homossexualidade.
Na contramão desse discurso, entidades como a Unesco, a União Nacional dos Estudantes (UNE), a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) e o Conselho Federal de Psicologia emitiram pareceres favoráveis ao uso das cartilhas, vídeos, boletins e cartazes que constituem o kit.
Após o estudo desse material por uma comissão de especialistas, o Conselho Federal de Psicologia avaliou o conteúdo como adequado e qualificado para atender as propostas pretendidas, que mantêm o foco nos profissionais de educação, gestores e estudantes do ensino médio.
Para a vice-presidente da entidade, Carla Goldman, o argumento sob o qual se balizam as opiniões contrárias ao projeto são marcadas pela discriminação e pela falta de esclarecimento.
"Primeiro que impedir o diálogo sobre a homossexualidade já é a primeira exposição pública do comportamento preconceituoso. E, por conta disso, entende-se que essa discussão deve ser proibida para não incentivar as práticas homoafetivas. O que é outro absurdo. Segundo ponto a ser considerado é que a personalidade e a orientação sexual dos jovens e adultos se organizam em torno das suas vivências, experiências, da suas formas de ler o mundo, e não têm nada a ver com o conteúdo educativo", argumenta Carla.
Ela ainda lembra que, quanto mais a sociedade se fecha para a abordar o tema de maneira objetiva, mais reforçado se torna o pensamento e o comportamento preconceituoso. "Não falar da homossexualidade significa assumir o preconceito. Esse movimento é contrário à constituição da democracia. É necessário deixar que a sociedade possa se expressar e incluir as diferenças a partir dessa perspectiva do respeito", completa.
Conteúdo.
Desenvolvido pelo Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Travestis e Transexuais (ABGLT), em parceria com a ONG Ecos - Comunicação em Sexualidade, o material destaca situações corriqueiras enfrentadas por estudantes gays, lésbicas, transexuais ou travestis. O objetivo é fornecer instrumentos pedagógico-didáticos cuja finalidade é tornar o ambiente social da escola, como frisa Maria Helena Franco, coordenadora de projetos da Ecos, mais humanitário e socialmente inclusivo.
Além de um caderno, peça-chave do kit, com informações teóricas a respeito da diferenciação entre conceitos como sexualidade, sexo e orientação sexual, três vídeos reunidos na série Torpedo, boletins e cartazes constituem os elementos pensados para, a partir deles, serem realizadas ações em sala de aula. Os três vídeos - atualmente disponíveis no site de compartilhamento Youtube () -, trazem personagens que, segundo Maria Helena Franco, representam várias histórias significativas.
"As situações mostradas são baseadas em muitas experiências vividas por pessoas reais. Foi uma maneira encontrada para mostrarmos um pouco da dificuldade que cada um tem na forma de se portar, de se sentir - como o travesti ou o transexual -, no ambiente escolar", ressalta Maria Helena Franco, lembrando que os roteiros só foram filmados após terem sido aprovados pelo MEC.
Ela ainda afirma que o processo de criação do kit, iniciado em 2008, passou por várias etapas e contou com a participação de representantes dos movimentos LGBTs e de pessoas que vivenciaram na pele a homofobia nas escolas. "Todo o trabalho foi criado por um grupo de mais de 20 pessoas e já foi apresentado a vários professores, que aprovaram o resultado", diz.
Na contramão desse discurso, entidades como a Unesco, a União Nacional dos Estudantes (UNE), a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) e o Conselho Federal de Psicologia emitiram pareceres favoráveis ao uso das cartilhas, vídeos, boletins e cartazes que constituem o kit.
Após o estudo desse material por uma comissão de especialistas, o Conselho Federal de Psicologia avaliou o conteúdo como adequado e qualificado para atender as propostas pretendidas, que mantêm o foco nos profissionais de educação, gestores e estudantes do ensino médio.
Para a vice-presidente da entidade, Carla Goldman, o argumento sob o qual se balizam as opiniões contrárias ao projeto são marcadas pela discriminação e pela falta de esclarecimento.
"Primeiro que impedir o diálogo sobre a homossexualidade já é a primeira exposição pública do comportamento preconceituoso. E, por conta disso, entende-se que essa discussão deve ser proibida para não incentivar as práticas homoafetivas. O que é outro absurdo. Segundo ponto a ser considerado é que a personalidade e a orientação sexual dos jovens e adultos se organizam em torno das suas vivências, experiências, da suas formas de ler o mundo, e não têm nada a ver com o conteúdo educativo", argumenta Carla.
Ela ainda lembra que, quanto mais a sociedade se fecha para a abordar o tema de maneira objetiva, mais reforçado se torna o pensamento e o comportamento preconceituoso. "Não falar da homossexualidade significa assumir o preconceito. Esse movimento é contrário à constituição da democracia. É necessário deixar que a sociedade possa se expressar e incluir as diferenças a partir dessa perspectiva do respeito", completa.
Conteúdo.
Desenvolvido pelo Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Travestis e Transexuais (ABGLT), em parceria com a ONG Ecos - Comunicação em Sexualidade, o material destaca situações corriqueiras enfrentadas por estudantes gays, lésbicas, transexuais ou travestis. O objetivo é fornecer instrumentos pedagógico-didáticos cuja finalidade é tornar o ambiente social da escola, como frisa Maria Helena Franco, coordenadora de projetos da Ecos, mais humanitário e socialmente inclusivo.
Além de um caderno, peça-chave do kit, com informações teóricas a respeito da diferenciação entre conceitos como sexualidade, sexo e orientação sexual, três vídeos reunidos na série Torpedo, boletins e cartazes constituem os elementos pensados para, a partir deles, serem realizadas ações em sala de aula. Os três vídeos - atualmente disponíveis no site de compartilhamento Youtube () -, trazem personagens que, segundo Maria Helena Franco, representam várias histórias significativas.
"As situações mostradas são baseadas em muitas experiências vividas por pessoas reais. Foi uma maneira encontrada para mostrarmos um pouco da dificuldade que cada um tem na forma de se portar, de se sentir - como o travesti ou o transexual -, no ambiente escolar", ressalta Maria Helena Franco, lembrando que os roteiros só foram filmados após terem sido aprovados pelo MEC.
Ela ainda afirma que o processo de criação do kit, iniciado em 2008, passou por várias etapas e contou com a participação de representantes dos movimentos LGBTs e de pessoas que vivenciaram na pele a homofobia nas escolas. "Todo o trabalho foi criado por um grupo de mais de 20 pessoas e já foi apresentado a vários professores, que aprovaram o resultado", diz.
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