27 de abril de 2011

Violencias nas escolas:O agredido pode virar agressor


27 de abril de 2011
  Zero Hora



BULLYING NA ESCOLA
Pesquisas em colégios de dois municípios gaúchos revelaram que quase metade das vítimas revidou aos ataques de colegas Duas pesquisas desenvolvidas no interior do Estado podem ajudar a entender o que está por trás de uma prática que vem corroendo as escolas gaúchas e preocupando autoridades, educadores, pais e estudantes. Uma delas foi realizada em Pelotas por pesquisadores da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), sendo publicada no jornal da Sociedade Brasileira de Pediatria. A outra foi realizada pelo Instituto Methodus nas escolas públicas de Jaguari, região central do Estado. Enquanto o estudo em Pelotas apresenta um Raio X do bullying em duas escolas públicas do município, o realizado em Jaguari se debruçou sobre todas as escolas da rede pública no município com alunos da 5ª a 8ª séries.
As investigações revelaram dados surpreendentes. Dos alunos pelotenses que admitiram já ter sofrido bullying (17,6%), metade afirmou ter reagido na mesma moeda. Em outras palavras, 47,1% deles reconheceram que também se tornaram agressores uma resposta, no mínimo, preocupante. Já em Jaguari, a maioria dos estudantes (69,2%) relatou algum tipo de vitimização. As vítimas de bullying estudantes que relataram cinco ou mais casos de vitimização perfazem 29,6% do total da amostra.
Realizado durante todo o ano passado, o trabalho em Pelotas envolveu 1.075 estudantes de Ensino Fundamental e uma equipe composta por médicos, psicólogos, fonoaudiólogos, assistentes sociais, enfermeiros e estagiários. Entre as principais conclusões, o estudo mostrou que o agressor, via de regra, é mais forte do que a vítima, e que a maior parte das investidas ocorre no pátio dos colégios.
Há uma banalização do deboche, um entendimento errôneo de que ridicularizar os outros não é grave. A tentativa de ridicularização pode ter consequências graves destaca o pediatra Danilo Rolim de Moura, professor do curso de Medicina da UFPel e coordenador da pesquisa.
Pelo estudo pelotense, entre os meninos, a prática se materializa em agressões verbais e físicas, com apelidos depreciativos e empurrões. Entre as meninas, com fofocas e exclusão.
Quase metade dos ataques (43,9%), segundo os entrevistados, tiveram consequências negativas, incluindo a necessidade de mudança de escola.
A pesquisa, em andamento, já atesta algo que os professores percebiam: crianças hiperativas e agressivas tendem a ser agentes de bullying.

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