19 de abril de 2011

Brasileiro criador de “The Boom Shakalaka” comenta obra interativa ao Arena

terça-feira, 19 de abril de 2011


Brasileiro criador de “The Boom Shakalaka” comenta obra interativa ao Arena



The Boomshakalaka
Instalação combina grande projeção, sistema de física e vários controles diferentes
FILE Games Rio 2011Uma das atrações mais curiosas da FILE Games Rio 2011 é a animação interativa The Boom Shakalaka. De autoria do brasileiro Lucas Werthein e do americano Jason Aston, a obra mistura um sistema de física, uma variedade de interfaces de controle diferentes e uma enorme projeção na parede.
Alavancas, placas sensíveis ao toque, botões, tudo isto para conduzir bolas vermelhas de um lado ao outro de cenário repleto de obstáculos. Em um papo exclusivo ao Arena por e-mail, Lucas comentou um pouco mais sua criação, inspirada pelas máquinas do quadrinista americano Rube Goldberg.


Nascido no Rio de Janeiro, Lucas mora em Nova York há dois anos, onde foi fazer seu mestrado na NYU – “Especificamente num departamento chamado ITP, onde mistura-se arte, engenharia, robótica e multimídia”. A parte física e eletrônica de The Boom Shakalaka – originalmente criada para o lobby de um prédio do renomado arquiteto Frank Gehry em NY – tomou 2 meses para ser criada. Mas e o conceito da obra propriamente dita?
Lucas Werthein“As animações que conhecemos acabam tendo uma narrativa linear”, disse Lucas, “onde o autor sabe e constrói uma história do início ao fim. Há uma previsibilidade nesse tipo de trabalho. Não achamos que há algo errado quando um trabalho possui esse tipo de narrativa, mas queríamos desenvolver algo que fosse diferente”.
“Portanto, criamos uma animação que funciona em tempo real e segue as leis físicas de Newton. Nem nós sabemos qual será o fim da animação. Cabe a pessoa que se encontra no espaço e possui o poder de manipular as interfaces de decidir como o curso da animação percorrerá”, afirmou. É bem por aí mesmo: do que vi no evento, este elemento imprevisível dá um tom ainda mais lúdico à obra.
“Através dos elementos interativos, passamos o poder de manipulação às pessoas que desejam participar. Essas pessoas decidirão o curso da animação. Acho que a partir desse tipo de pensamento partimos para uma discussão maior. No fim das contas, desejávamos tirar as pessoas de um papel de mero consumidor e colocá-las como participantes ativas e geradoras de ações que influenciam e decidem o destino da obra.”
The Incredible Machine
The Incredible Machine é inspirado pelas máquinas de Rube Goldberg – assim como The Boom Shakalaka
Máquinas complexas para objetivos simples
A primeira impressão que tive ao ver como os elementos da obra se comportavam foi The Incredible Machine, jogo da Sierra de 1992 – no qual o jogador precisava construir hilários conjuntos de máquinas complexas para realizar tarefas simples como empurrar uma bola, ou assustar camundongos com um gato. A aparente inspiração original que deu origem ao jogo (as máquinas de Rube Goldberg) é compartilhada por Lucas.
“Queríamos desenvolver um trabalho onde uma determinada ação causa um tipo de reação que afeta outra ação e assim por diante”, disse. “Através de um algoritmo criado em C++ que replica as leis reais da física, tentamos criar uma instalação onde as pessoas percebessem que uma pequena ação pode mudar completamente o destino e o curso de uma bolinha que estava destinada a chegar em um lugar específico”.
“Certamente não estamos tentando vender filosofia barata, mas tentamos replicar o que ocorre no nosso dia a dia. Tentamos criar uma instalação onde as pequenas ações modificam o percorrer de um percurso como um todo”, afirmou.
Jogos eletrônicos, arte, é tudo a mesma coisa
Quando perguntado quanto ao uso da mídia de jogos eletrônicos para expressar arte, Lucas é categórico. “Não acredito nessa divisão. Acho que não trata-se do meio utilizado para expressar a mensagem, mas a importância da mensagem que o autor tenta transmitir”.
“Podemos fazer isso através de livros, games, pintura, projeção, cinema. No fim das contas trata-se de como passar essa mensagem para frente”, disse Wertein. “A vantagem do que fazemos é que é algo bastante inovador que consegue despertar curiosidade nas pessoas. Acho importante aproveitar-se disso, mas mais importante do que isso é não atravessar a linha tênue de criar tecnologia pela mera tecnologia, mas aproveitar-se dela para fortificar o conceito e a mensagem”.
Para testar The Boom Shakalaka ao vivo, em cores e em movimento, já sabe: basta ir ao FILE Games Rio no espaço Oi Futuro – é até 8 de maio!

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