23 de abril de 2011

Premiação teve pouco efeito em sala de aula


23 de abril de 2011
O Globo


Alunos mantiveram mesmo desempenho
  SÃO PAULO. Por três anos, uma equipe de pesquisa nos Estados Unidos passou a premiar professores de matemática da rede pública de Nashville cujos alunos conseguissem melhorar as próprias notas em provas padronizadas. O resultado foi que os estudantes não tiveram qualquer melhora na comparação com o "grupo de controle", cujos professores não poderiam receber o incentivo de até US$15 mil (cerca de 30% do salário anual da categoria). A conclusão do "Projeto de Incentivos no Ensino" foi lacônica: o bônus teve pouco efeito no que os professores faziam dentro da sala de aula.
Conduzido pelo Centro Nacional de Incentivos de Desempenho, ligado ao Peabody College da Universidade de Vanderbilt, o estudo surpreendeu o país, que caminha para o uso de incentivos na educação, especialmente em escolas e em matérias que precisam de impulso.
- Precisamos tomar cuidado no planejamento e na implementação de medidas de desempenho de professores porque as atividades diárias deles têm múltiplas dimensões, das quais apenas algumas são mensuráveis, incentiváveis e monitoradas. Quando há um vão entre a missão da escola e a atividade que está sendo bonificada, os professores podem se afastar de outras atividades importantes - disse ao GLOBO o coordenador do estudo, professor Matthew Springer.
Ele avalia que há uma lição que deve ser considerada antes de montar uma política de bônus: "professores tendem a cooperar mais com um plano de pagamento de incentivos se o propósito for descobrir se a política funciona do que com uma ideia forçada de cima para baixo, sem evidências para acalmar o ceticismo e a descrença".
A pesquisa revelou que a categoria não considera que os professores que ganharam o bônus são "melhores" do que os que não ganharam, ainda que o conceito de recompensa soasse favorável. O projeto não encontrou muitas diferenças na forma de lecionar ou em medidas de esforço entre os dois grupos de professores.
Springer lembra que o projeto testou um modelo muito específico de bonificação e os achados negativos não inviabilizam outras fórmulas. (Leila Suwwan)
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