2 de abril de 2012

A invasão dos zumbis de celulares


INTERNETS
RONALDO LEMOS
ronaldolemos09@gmail.com
Um fenômeno toma conta das cidades: o zumbi do celular. Trata-se do crescente número de pessoas que andam pelas ruas fixadas na tela do aparelho, acessando sites, respondendo e-mails, ou conferindo redes sociais.
Enquanto isso, tentam conviver minimamente com os outros. Tanta gente com a cabeça em "outro planeta" começa a ficar incômodo.
Pessoas que não prestam atenção ao andar nem respondem ao que acontece no mundo real. Sem falar no risco de quem faz isso enquanto dirige.
Mas essa é a superfície da questão. Há uma mudança mais profunda em curso na sociabilização no espaço público. A internet móvel (que cresce rápido no Brasil) preenche os tempos mortos da vida com informação.
Uma pesquisa recente mostrou que muita gente está usando o celular para ler mais notícias ao longo do dia (talvez isso explique o mau humor de quem mantém o hábito). Para as empresas de mídia, é uma bonança.
Há também quem reclame que o fenômeno aprofunda o individualismo. Passa a ser difícil comunicar-se com outras pessoas casualmente no espaço público.
Para piorar, há rumores de que o Google vai lançar óculos que conectam as pessoas à rede. Impossível não lembrar do filme "Eles Vivem" de John Carpenter, clássico do cinema de esquerda dos EUA.
Nele, óculos especiais permitem enxergar que o mundo está dominado por extraterrestres. Com os óculos do Google e similares, os extraterrestres somos nós.

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