7 de novembro de 2012

HÉLIO SCHWARTSMAN Violência paulistana


Folha de S.Paulo, 7/11/2012

SÃO PAULO - O que está acontecendo com a violência em São Paulo? É difícil dizer. Até pela política de transparência zero que o governo do Estado dá ao problema das organizações criminosas, podemos apenas especular com base nos dados objetivos que foram divulgados.
A julgar pelos números, estamos diante de um recrudescimento dos homicídios dolosos, cujas vítimas, na capital, saltaram de 71 em setembro do ano passado para 144 em setembro deste ano. É claro que boa parte desse aumento de 102,8% se deve a efeitos estatísticos. Estamos comparando um mês particularmente ruim com um especialmente bom. Os dados ficam menos assustadores se considerarmos o acumulado do ano, hipótese em que a alta é de 24,6% contra igual período de 2011.
De toda maneira, é inegável que houve uma mudança para pior e que ela faz soar o alarme. A constatação de que as mortes de policiais também subiram bastante torna difícil negar a versão de que a elevação da violência se deve a uma guerra travada entre agentes da lei e membros do crime organizado.
A questão central é se essa situação vai perdurar, comprometendo os avanços históricos do Estado de São Paulo, que fez os homicídios caírem de 35,27 por cem mil habitantes, em 1999, para 10,05 em 2011, ou se estamos diante de um fenômeno mais passageiro.
Pessoalmente, aposto na segunda hipótese. Para começar, muitos dos macrofatores que ajudaram a baixar os números paulistas, como os investimentos na polícia, o envelhecimento da população e a solidificação de relacionamentos sociais, continuam a pleno vapor. O mais importante, porém, é um outro aspecto. Governantes não gostam nem de ouvir falar, mas a tendência é que policiais e criminosos encontrem um "modus vivendi". O estado de confronto permanente, afinal de contas, é ruim tanto para a saúde como para os negócios dos envolvidos.

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