23 de novembro de 2012

Resultados do ENEM no DF




Apesar de mudanças nos critérios de avaliação, escolas da capital federal continuam entre as cinco unidades da Federação mais bem colocadas no país. Para especialista, estagnação não é ruim, mas indica dificuldade em solucionar problemas 

GRASIELLE CASTRO
ANA POMPEU
Em uma edição marcada por mudanças no topo do ranking das melhores escolas com base no desempenho dos estudantes no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2011, o Distrito Federal se manteve em quarto lugar pelo terceiro ano consecutivo, com nota 532,52. Os dados divulgados ontem pelo Ministério da Educação mostraram que o Rio de Janeiro tomou o posto de campeã de Minas Gerais, ficando com média de 554,27. São Paulo, com 539,35, continuou em segundo, seguido das instituições mineiras, 534,24. Santa Catarina aparece em quinto, posto que o Rio Grande do Sul ocupava na edição passada. O estado caiu três posições.
O ranking elaborado pelo Correio com os dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) mostra que o Distrito Federal ganhou mais espaço entre os melhores do país. Enquanto no Enem 2010, apenas uma escola figurava entre as 100 mais bem colocadas do Brasil, nesta edição o número subiu para duas - o Olimpo subiu da 35ª posição para a 31ª e o Colégio Pódion passou a fazer parte da seleção, no 87º lugar.
A nota geral obtida pelo Distrito Federal está entre a média das escolas públicas e das privadas no país, 474,2, e 569,2, respectivamente. Das 45 escolas particulares listadas na relação, 22 não alcançaram a média nacional, variando entre 568,39 e 503,24. Ainda assim, a pior instituição privada da capital tem nota maior que a média nacional das estaduais e que 30% das 50 públicas do DF - dessas, apenas sete estão abaixo da média nacional. A Secretaria de Educação do Distrito Federal informou, por meio da assessoria de imprensa, que só se pronunciará a respeito dos resultados das unidades de ensino da rede pública quando tiver analisado melhor os dados.
Estar entre os 10 melhores do país, mesmo que estagnado, não é um resultado ruim, mas, indica que o DF tem dificuldades em solucionar problemas antigos. Essa é a opinião do assessor especial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e doutor em educação Célio da Cunha. Para ele, tanto escolas privadas quanto públicas poderiam alcançar notas melhores se geridas de forma mais eficiente.
"Na rede pública, a organização e estruturação dos projetos político-pedagógicos deixa a desejar. Já as particulares não sabem aproveitar os recursos humanos que têm à disposição", avalia. De acordo com Cunha, estabilidade, disciplina, organização da gestão são fatores que favorecem a obtenção de bons resultados. Para o professor, nas escolas brasilienses falta monitoramento mais próximo dos estudantes que apresentam dificuldades de aprendizagem.
Nova avaliação
Entre as públicas, o Colégio Militar de Brasília, tradicional campeão, não apareceu neste ano. Um dos motivos é a mudança na metodologia de divulgação dos dados. Pela primeira vez, o Ministério da Educação publicou apenas a nota média das instituições que tiveram mais de 50% dos seus formandos inscritos no exame e com, no mínimo, 10 alunos. De acordo com o ministro, o requisito é o mesmo da Prova Brasil e foi escolhido para que haja um equilíbrio. "Evita que o estabelecimento com número muito pequeno ou selecione os alunos que fazem a prova possam entrar na avaliação." Esses dois critérios fizeram com que 10.076, ou apenas 40,56% das escolas, fizessem parte da listagem.
Outra novidade foi a exclusão da nota da redação na média geral. O presidente do Inep, Luiz Cláudio Costa, explica que a avaliação do Enem é feita em quatro áreas distintas mais a redação. Nesses setores de conhecimento o critério de correção é a Teoria de Resposta ao Item (TRI). "Entendemos que tecnicamente é correto fazer a média das quatro áreas, que o critério é o mesmo, e a redação", explicou.
Apesar de não ser possível fazer uma comparação exata das médias gerais que somavam a nota da redação em 2010, para o ministro, a nota dos estudantes aumentou de um ano para o outro.
Novos critérios O presidente do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Luiz Cláudio Costa, e o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, reafirmaram ontem a promessa de divulgar um guia com a métrica que explica o critério de correção das provas, a Teoria de Resposta ao Item (TRI), e a calculadora para que as pessoas possam fazer a conta da nota. A TRI é um sistema que dá a nota de acordo com o grau de dificuldade do item. Diferentemente de um exame clássico, quem acerta 50 questões de 90 não necessariamente tira 50. Ou seja, dois alunos que acertaram o mesmo número de respostas podem obter notas diferentes. "Na rede pública, a organização e estruturação dos projetos político-pedagógicos deixa a desejar. Já as particulares não sabem aproveitar os recursos humanos que têm à disposição" Célio da Cunha, assessor especial da Unesco "Se não houver empenho em mudar essa realidade, vamos colher resultados ruins nas universidades" Remi Castioni, especialista
532,52 nota média obtida pelo Distrito Federal no ranking nacional

O DF teve apenas dois colégios na lista dos 100 melhores no exame de 2011, mas se manteve em quarto lugar entre as unidades da Federação na média de notas. Pedro (foto) estuda na escola de Brasília mais bem colocada, fez os lestes como treineiro e sonha passar no ITA.

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