31 de dezembro de 2012

Com as redes sociais, mudança foi radical no uso da internet


RIO — Em 2012, as redes sociais foram protagonistas no mundo da internet e capitanearam uma mudança nos hábitos de navegação. Segundo a mais recente pesquisa “Social Media Report”, realizada nos EUA pela Nielsen e pela NM Incite, o tempo total on-line gasto em redes sociais aumentou 37% frente a 2011, com 121 bilhões de minutos em julho de 2012, contra 88 bilhões em julho de 2011. Quando conectados, esses usuários mostram novos costumes. O hábito de ver televisão, por exemplo, transformou-se numa experiência compartilhada. Nos EUA, 44% dos usuários de tablets e 38% dos de smartphones usam seus aparelhos para acessar as redes sociais enquanto assistem TV, postando ou twitando sobre os programas que estão assistindo.
Nas redes sociais, os consumidores têm passado boa parte de seu tempo on-line — 20% do tempo total para usuários de PCs e 30% para usuários móveis. Elas ganharam terreno também com a explosão do acesso móvel. Computadores pessoais ainda são campeões de acesso às mídias sociais, mas os dispositivos móveis registraram aumento de 63% em 2012 ante o mesmo período de 2011. Cerca de 46% dos usuários das redes nos EUA afirmam usar celulares inteligentes para acessar esses sites, e 16%, tablets.
Além de cair no gosto popular, as redes sociais atraíram um número maior de anunciantes e cresceram rapidamente, permitindo ao internauta se conectar a pessoas, marcas e eventos de forma inédita. A América Latina foi uma das regiões em que mais cresceu o acesso às redes:
— Quase 100% da população na América Latina visitam destinos de redes sociais a cada mês — diz Alejandro Fosk, vice-presidente sênior da comScore para a América Latina.
Também o atendimento a clientes é um setor que foi beneficiado pelas redes sociais on-line. As empresas hoje já prestam mais atenção nelas que em outros meios. E o consumidor descobriu que as mídias sociais são um dos melhores canais para reclamar dos fornecedores.
Para Celso Fortes, especialista em mídia digital e diretor de criação da agência digital Novos Elementos, uma das iniciativas simbolicamente mais importantes do ano veio da Coca-Cola:
— Você já viu a latinha da Coca-Cola? Ela não traz mais o endereço oficial do site da empresa. O site que aparece é facebook.com/coca-cola.
Para ele, as redes sociais estão criando uma internet paralela de interface mais agradável:
— A única maneira de uma grande rede social ganhar e manter seu espaço próprio, afastando-se da internet convencional, é introduzir funcionalidades. Numa situação extrema, o usuário não precisará mais sair da rede social para quase nada. Se ele conseguir pagar as contas, comprar produtos, ler as novidades dos amigos, trocar mensagens, não vai precisar sair das mídias sociais. E o anunciante vai gostar muito disso.
IPO do Facebook, o evento do ano
O Facebook fez o grande evento do ano no mercado de mídias sociais: seu IPO de 18 de maio, a oferta pública inicial de ações da rede. Foi um dos maiores da indústria de tecnologia e o maior da internet, com um pico de US$ 104 bilhões de valor de mercado, cifra que se provou superinflada. As expectativas do mercado foram às alturas. Mas o preço do papel dali por diante não parou de cair.
— Após a confusão do IPO do Facebook, o mercado ficou num clima de “vai não vai”. Mas a resposta quanto ao futuro do Facebook teremos de buscar em 2013 — diz Juliana Diniz, diretora de projetos da Dizain Soluções Interativas.
Hoje, não estar na rede é, muitas vezes, tido como esquisitice ou alienação.
— A cada hora aparece algo novo. Mas se o Facebook começar a botar muitos anúncios e “trending notes” no meio dos feeds, pode haver reclamações. Eles estão sempre testando para saber qual será nossa resposta — diz Juliana.
Para muitos usuários, o sistema de mensagens do Facebook quase substituiu o e-mail. A última cartada da rede foi a compra do Instagram. Mas está em curso uma “orkutização” do Facebook, fenômeno caracterizado pela torrente de mediocridades que vem inundando o site, tal como ocorreu com o Orkut.
O pioneiro dos microblogs, o Twitter, também evoluiu em 2012: em dezembro, chegou a mais de 200 milhões de usuários ativos por mês. E teve papel importante na divulgação de grandes eventos mundiais, como Olimpíadas (com 150 milhões de tweets), eleições americanas e a supertempestade Sandy.
Quanto ao Google+, a mais recente investida da Google no setor de mídias sociais, a rede inegavelmente, ainda não emplacou. Já o Pinterest se consolidou em 2012: ultrapassou o Tumblr em número de visitantes mensais únicos.
As redes sociais provaram em 2012 ser um fenômeno em evolução. Pesquisa da comScore indica que navegar nelas é a mais popular atividade on-line no mundo. Os especialistas apontam que todas as comunicações estão se tornando sociais, com essas mídias superando as outras em volume de anúncios, mas ainda deixando a desejar quanto à receita obtida.
O Globo, 31/12/2012

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