4 de fevereiro de 2011

A educação e o PIB: editorial do Correio Brasiliense

  Correio Braziliense | Opinião |



Além da firmeza com que tem reiterado o compromisso com a estabilidade econômica, a presidente Dilma Rousseff parece convencida de que deve perseguir como prioridade a qualidade da educação. Para tanto, sabe que será necessário aumentar os investimentos públicos no setor, hoje em torno de 5% do Produto Interno Bruto (PIB). Há quem defenda a elevação dessa participação para 7% e até para 10%. Novo argumento em favor dessa ampliação foi divulgado ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Com base nos dados do desempenho da economia em 2006, o órgão calcula que os gastos públicos sociais representaram 21% do PIB. E, ao examinar o impacto de cada um do setores beneficiados com os investimentos do governo, apurou que, entre os gastos públicos sociais, os destinados à educação são os que oferecem o maior retorno econômico, ou seja, os que mais contribuem para o crescimento do PIB.
Para cada R$ 1 que recebe, a educação gera R$ 1,85, ficando a saúde em segundo lugar, com R$ 1,70. O resultado, embora de precisão discutida, não deixa de ser estimulante, pois toca num dos pontos mais sensíveis da questão: a remuneração do professor. "O gasto na educação não gera apenas conhecimento. Gera economia, já que ao pagar salário a professores aumentam-se o consumo, as vendas, os valores adicionados, salários, lucros, juros", avalia o diretor de Estudos e Políticas Sociais do Ipea, Jorge Abrahão.
A realidade é que, se o impacto tem essa dimensão, deve-se muito mais à quantidade do que ao valor. O piso nacional para professores, instituído por lei federal em 2008, é atualmente de R$ 1.183. Sabe-se que nem todos os estados têm condição de pagar esse valor e que a situação é pior ainda nos municípios. Assim, o magistério acabou ficando em descompasso com a maior parte do mercado de trabalho aquecido pelo crescimento econômico.
Mantida por décadas, a situação gerou crescente desinteresse dos jovens pela carreira. Dados do Censo do Ensino Superior realizado pelo Ministério da Educação (MEC) mostram queda na procura por cursos destinados à preparação de professores, além do aumento da desistência de alunos já matriculados. Em apenas quatro anos, entre 2005 e 2009, caiu à metade o número de estudantes brasileiros que concluíram cursos de formação de professores para o ensino básico.
Desestimulados pela baixa remuneração e sem perspectivas de crescimento profissional, os jovens nem precisavam da sedução de outros mercados para escolher novos caminhos. Há pouco dinamismo e estímulo à criatividade em um sistema de ensino que os alunos consideram desinteressante. Como se não bastasse, é comum a falta de apoio e parceria dos pais, quase sempre dispostos a reprovar o professor, o que ajuda a tornar o aluno rebelde e agressivo.


Além da firmeza com que tem reiterado o compromisso com a estabilidade econômica, a presidente Dilma Rousseff parece convencida de que deve perseguir como prioridade a qualidade da educação. Para tanto, sabe que será necessário aumentar os investimentos públicos no setor, hoje em torno de 5% do Produto Interno Bruto (PIB). Há quem defenda a elevação dessa participação para 7% e até para 10%. Novo argumento em favor dessa ampliação foi divulgado ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Com base nos dados do desempenho da economia em 2006, o órgão calcula que os gastos públicos sociais representaram 21% do PIB. E, ao examinar o impacto de cada um do setores beneficiados com os investimentos do governo, apurou que, entre os gastos públicos sociais, os destinados à educação são os que oferecem o maior retorno econômico, ou seja, os que mais contribuem para o crescimento do PIB.
Para cada R$ 1 que recebe, a educação gera R$ 1,85, ficando a saúde em segundo lugar, com R$ 1,70. O resultado, embora de precisão discutida, não deixa de ser estimulante, pois toca num dos pontos mais sensíveis da questão: a remuneração do professor. "O gasto na educação não gera apenas conhecimento. Gera economia, já que ao pagar salário a professores aumentam-se o consumo, as vendas, os valores adicionados, salários, lucros, juros", avalia o diretor de Estudos e Políticas Sociais do Ipea, Jorge Abrahão.
A realidade é que, se o impacto tem essa dimensão, deve-se muito mais à quantidade do que ao valor. O piso nacional para professores, instituído por lei federal em 2008, é atualmente de R$ 1.183. Sabe-se que nem todos os estados têm condição de pagar esse valor e que a situação é pior ainda nos municípios. Assim, o magistério acabou ficando em descompasso com a maior parte do mercado de trabalho aquecido pelo crescimento econômico.
Mantida por décadas, a situação gerou crescente desinteresse dos jovens pela carreira. Dados do Censo do Ensino Superior realizado pelo Ministério da Educação (MEC) mostram queda na procura por cursos destinados à preparação de professores, além do aumento da desistência de alunos já matriculados. Em apenas quatro anos, entre 2005 e 2009, caiu à metade o número de estudantes brasileiros que concluíram cursos de formação de professores para o ensino básico.
Desestimulados pela baixa remuneração e sem perspectivas de crescimento profissional, os jovens nem precisavam da sedução de outros mercados para escolher novos caminhos. Há pouco dinamismo e estímulo à criatividade em um sistema de ensino que os alunos consideram desinteressante. Como se não bastasse, é comum a falta de apoio e parceria dos pais, quase sempre dispostos a reprovar o professor, o que ajuda a tornar o aluno rebelde e agressivo.

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