Tudo o que se divulga sobre educação no Brasil, nos últimos anos, chama a nossa atenção para a necessidade de se buscar mais qualidade
Quem prestou atenção aos recentes discursos de posse ou declarações públicas da presidente Dilma, do ministro da Educação, Fernando Haddad, e do ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, deve ter observado que há convicção no novo governo sobre a extrema relevância de se investir na qualidade da educação, da ciência e da tecnologia brasileira.
As autoridades demonstram estar em consonância com a construção, também aqui, da sociedade do conhecimento. Tudo o que se divulga sobre educação no Brasil, nos últimos anos, chama a atenção para a necessidade de se buscar mais qualidade. O Executivo mostra-se decidido a alcançá-la. Excelente. Quais serão, então, os próximos passos?
O Ministério da Educação já começa a expor suas propostas. O ministro Haddad anunciou a apresentação à presidente de um plano de ação para elevar o nível dos ensinos fundamental e médio e para valorizar o magistério.
A iniciativa alinha-se com o próprio discurso de posse da presidente da República, para quem é preciso melhorar a qualidade da educação fundamental e aumentar as vagas nos níveis infantil e médio. Dilma Rousseff chega a sugerir a extensão da experiência do ProUni ao ensino médio profissionalizante.
O ministro da Ciência e da Tecnologia, por sua vez, foi claro em seu discurso: "Tudo começa na sala de aula. Tudo começa na formação e motivação dos nossos cérebros".
Sua intenção é a de combinar "educação universal de qualidade, pesquisa científica, inovação e inclusão social, na perspectiva de uma nova produção científica tropical".
Nada poderia estar mais afinado com análises recentes de especialistas. Pode-se sintetizar o que muitos deles propõem para se vencerem os desafios da escola pública brasileira: 1. Maior investimento em educação (aumentá-lo de 5% para 7% do Produto Interno Bruto em quatro anos), associado a instrumentos de gestão mais eficientes; 2. Valorização do magistério (oferecer salários mais altos, para tornar a carreira mais atrativa, elevar a qualidade da formação e promover capacitação permanente); 3. Universalização da educação infantil (de maneira a tornar mais eficaz o aprendizado durante o ensino fundamental); 4. Construção do Sistema Nacional de Educação (para que o regime de colaboração previsto na Lei de Diretrizes e Bases articule ações entre os entes federados e diminua as enormes diferenças regionais em aprendizagem); 5. Por fim, intensificação do uso de metodologias de ensino mais contemporâneas (para tornar as aulas mais atrativas, com apoio maciço da tecnologia da informação e de aulas práticas frequentes e instigadoras de ciência).
Com a palavra, o novo Plano Nacional de Educação. Com as ações, os eleitos em outubro que se comprometeram a priorizar a educação, a ciência e a tecnologia.
JORGE WERTHEIN, doutor em educação pela Universidade Stanford (EUA), é vice-presidente da Sangari no Brasil. Foi representante da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) no Brasil.
NEWTON LIMA NETO, deputado federal (PT/SP), é doutor em engenharia pela USP. Foi reitor da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) de 92 a 96 e prefeito de São Carlos (2001/2008).
Folha de Sao Paulo
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