1 de outubro de 2011

Gastar ou investir?, por Helena Nader * e Jacob Palis **


01 de outubro de 2011
Educação no Brasil | Diário Catarinense | Artigos | SC

Neste mês de outubro, o Congresso Nacional terá nas mãos o poder de exercer uma forte influência sobre como será o futuro do Brasil. Dentro de alguns dias, a Câmara Federal definirá os destinos dos royalties provenientes da exploração do pré-sal. Pode-se prever que serão aportados nos cofres púbicos entre US$ 600 bilhões e US$ 1,2 trilhão, num período de 20 a 40 anos.
Lembrando que reservas de petróleo são finitas, a grande questão que se apresenta é o que vamos fazer com esse dinheiro: gastar em despesas correntes ou investir na construção do futuro? A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e a Academia Brasileira de Ciências (ABC) estão propondo que os royalties do pré-sal sejam investidos, majoritariamente, na educação e em ciência e tecnologia.
A razão dessa escolha é proporcionar desenvolvimento econômico e social ao Brasil e nos inserirmos na economia do conhecimento, de modo a enterrar de vez o passado de subdesenvolvimento. É a opção por investir em vez de gastar.
O mundo de hoje abriga duas características principais inovação tecnológica e sustentabilidade e, para alcançá-las, os países precisam produzir ciência e tecnologia de ponta e oferecer educação de qualidade.
Inovação e sustentabilidade exigem, portanto, da ciência e da tecnologia um protagonismo que nunca foi exigido em outras épocas. O conhecimento científico está na base do desenvolvimento de novos produtos e processos para o mercado, e a ciência é o único meio para se conhecer os recursos naturais e se saber como utilizá-los de modo sustentável.
Diante desse quadro, resta uma questão: o ensino oferecido no Brasil está à altura do padrão que se requer do cidadão para que ele tenha uma atuação afirmativa em termos da inovação e da sustentabilidade? A resposta é não.
Nos anos recentes, conseguimos universalizar nossa educação básica. Agora, precisamos que essa educação tenha qualidade.
* Biomédica, presidente da SBPC ** Matemático, presidente da ACB

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