15 de outubro de 2011

SP terá plano especial para escola fraca



Escolha de unidades públicas do Estado levará em conta notas baixas em exames e rotatividade de professores

Medida faz parte de um novo pacote do governo para a educação; total de investimentos não foi divulgado ainda

FÁBIO TAKAHASHI

DE SÃO PAULO

A gestão do governador Geraldo Alckmin (PSDB) apresenta hoje um novo plano para tentar melhorar a educação pública no Estado.
Uma das iniciativas será intervir em 1.206 escolas com baixo desempenho e alta rotatividade de professores, situadas em áreas carentes.
O número equivale a 25% das cerca de 5.000 escolas estaduais paulistas.
Segundo o programa "Educação-Compromisso de São Paulo", esses colégios deverão receber mais recursos para reformas de instalações, para cursos de aprimoramento voltados aos professores e para projetos especiais de recuperação dos alunos.
Um outro objetivo do programa é aumentar a participação das famílias no ambiente escolar. Para isso, os colégios deverão ser abertos no dia 5 de novembro a pais e estudantes a fim de que deem sugestões de melhorias.
Mesclando medidas novas e outras já em andamento, o programa como um todo visa, segundo representantes do governo, colocar o Estado entre os 25 melhores sistemas do mundo até o ano de 2030.
Hoje, está na 53ª posição entre 65, considerando uma simulação que apresenta São Paulo como um país no Pisa (avaliação internacional).

SEM NÚMEROS
O programa terá de ser custeado pelo próprio Orçamento da Educação. O valor total do investimento será divulgado apenas em novembro.
A educação pública paulista enfrenta dificuldades. Segundo dados oficiais, as notas do ensino médio e do 9º ano do ensino fundamental tiveram queda na última avaliação geral, o Saresp.
Apenas o 5º ano melhorou. A rede estadual representa mais de 80% das matrículas da educação básica paulista.
Há cerca de quatro anos, o Estado teve outro plano de educação, na gestão José Serra (PSDB), cujas metas foram parcialmente atingidas.

ENSINO INTEGRAL
Em outra frente, de forma experimental, 19 escolas de ensino médio terão ano que vem jornada ampliada, de seis para oito horas, com atividades extras ligadas ao currículo regular. Além disso, os professores receberão dinheiro extra para lecionarem apenas nesses colégios. A ideia pode ser estendida no futuro.
Entre as ações previstas no programa que já estão em andamento está a nova carreira do magistério e plano de reajustes, que prevê aumento de 42,25% em quatro anos.
O plano que será lançado hoje foi feito em parceria com institutos e fundações privadas e a consultoria internacional McKinsey.




Para professores, projeto rompe lógica anterior

DE SÃO PAULO

Dois educadores ouvidos pela Folha usaram a palavra "ruptura" para definir o plano de Alckmin, considerando a gestão do também tucano Serra.
"O fato de haver política de melhoria salarial é uma ruptura em relação à gestão Serra, que pensava só em avaliar e avaliar os professores", disse Romualdo Portela, docente da Faculdade de Educação da USP.
"Com a nova lógica, a carreira pode ficar mais atrativa aos jovens", disse.
O governo Serra priorizou políticas que concediam aumentos salariais aos professores que tivessem os melhores desempenhos numa avaliação.
Já para a professora da Unicamp Angela Soligo, a ruptura ocorreu no processo de confecção do plano, pois a Secretaria da Educação se reuniu com docentes do Estado todo.
Ambos destacaram pontos positivos no plano, como foco nas escolas com maiores dificuldades.

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