29 de maio de 2012

Cidade Sitiada: violencia em Goiania


Nossa capital, antes acostumada ao estilo interiorano de vida, vem se transformando em uma verdadeira terra sem lei. Foram mais de 200 assassinatos nos cinco primeiros meses deste ano. Já em 2011, Goiânia registrou um recorde no número de homicídios, mais de 450. Em janeiro de 2012 foram 44 homicídios, dois a mais que o mesmo mês em 2011. Em fevereiro, 32, três a mais que o mesmo período do ano passado. A violência foi mais grave ainda em março, quando foi registrado o recorde mensal de assassinatos na capital desde o ano 2000, quando a Delegacia de Homicídios foi reformulada e passou a contar as vítimas. Foram 60 casos, contra 22 em 2011. Em abril, nova quebra de recorde para o mês. Foram 44 mortes, contra 33 do ano passado e o maior número de casos já registrados em abril desde o ano 2000.
São números alarmantes. Mais triste é saber que Goiânia é uma capital endêmica em relação à violência, segundo o Instituto Sangari, responsável pelo Mapa da Violência no Ministério da Justiça.
O índice de assassinatos por grupos de 100 mil habitantes de Goiânia é de 34,6, bem acima do tolerável pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que é de até 10.
O sistema de Segurança Pública do Estado está falido. Começando pelo efetivo de nossas polícias. A Polícia Militar, responsável pelo policiamento preventivo e ostensivo, atualmente conta com apenas 12 mil militares para prover a segurança de 6 milhões de goianos. O Distrito Federal, ente federativo com território dezenas de vezes menor que o nosso e uma população de 2,6 milhões, dispõe de 13 mil PMs.
Mais lamentável é a situação da Polícia Civil. Delegacias caem aos pedaços e falta combustível para viaturas. Há pilhas de inquéritos de homicídios amontoadas nas salas das delegacias, sem solução. Faltam delegados, agentes e escrivães. A polícia investigativa de Goiás está praticamente padecendo à míngua.
Fazendo um raio-x dos homicídios em Goiânia, o uso de revólveres e de pistolas ainda lidera como meio empregado para consumar os crimes.
Cerca de 80% dos casos registrados este ano tiveram a arma de fogo como instrumento utilizado, seguido pela arma branca (facas, canivetes, facões). Esses dados denunciam a falta de fiscalização e de abordagens policiais daqueles que não possuem autorização de portar arma de fogo, e que mesmo assim circulam livremente pelas ruas.
Informações da Delegacia de Investigação de Homicídios (DIH) dão conta de que aproximadamente 80% dos casos de homicídios são relacionados a desentendimentos entre pessoas envolvidas com drogas. São usuários devendo traficantes, pequenos traficantes lutando por território ou devendo a fornecedores e assim por diante. Mais: o tráfico de drogas fomenta outros crimes, como furto e roubo de veículos, que são trocados por entorpecentes, e homicídios. É uma situação lastimável e que requer ação prática do poder público, em especial do Executivo estadual.
Wagner Siqueira é deputado estadual e presidente metropolitano do PMDB

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