18 de outubro de 2011

A violência e as favelas


  • Terça, 18 de Outubro de 2011 - 
por Pedro Castro
Acaba de ser divulgado o último Mapa da Violência, do Ministério da Justiça e Instituto Sangari, e as informações são muito preocupantes para a população nordestina. Segundo a pesquisa, entre 1998 e 2008 ocorreu um aumento vertiginoso  de 78% na taxa de homicídios para cada 100 mil habitantes. Com estes números, o Nordeste foi para o nada glorioso topo no ranking das regiões nacionais no Mapa da Violência,  sendo o Estado de Alagoas campeão absoluto.
 
A conclusão do Mapa da Violência é que esta liderança nordestina está obviamente linkada com a gritante exclusão social da região, além da falta de fôlego financeiro dos Estados para maior aparelhamento das polícias, gerando assim as situações comuns que os cidadãos encontram nas delegacias do Nordeste: equipamentos sucateados e, por diversas vezes, funcionários sem estímulo com salários defasados.
 
É notório que o Rio e São Paulo, estados onde o Poder Público local dispõe de mais recursos orçamentários, têm investido pesado no aperfeiçoamento das Polícia Civil e Polícia Militar. No Rio de Janeiro, as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), que somam 17, são uma solução visível para a Guerra Civil que tomou conta das favelas cariocas desde os anos 80. No meu ponto de vista, o mais importante na instalação de uma UPP é libertar a população honesta dos morros, que representa 99% de sua população, do julgo do crime organizado.  Significa a devolução da dignidade para trabalhadores que agora, ao sair de casa, não estão mais temerários pela possibilidade de seus filhos serem atingidos por uma bala perdida nas constantes guerras entre o Comando Vermelho, Terceiro Comando e Amigos dos Amigos, e todas estas facções criminosas contra a PM.
 
O caminho é longo, pois as UPPs estão instaladas em somente17 favelas cariocas. E a capital fluminense tem nada menos do que 968 favelas, que ocupam 7% do território carioca. Entretanto, as UPPS são o sinal de uma luz no fim do túnel para a luta pela construção da Cultura de Paz na Cidade Maravilhosa.
 
Salvador conta agora em duas comunidades com as Bases Comunitárias de Segurança: o Calabar e o Nordeste de Amaralina. Somente as UPPs ou BCSs não resolvem os crônicos problemas históricos de exclusão social deste país, que tem sua mais visível e gritante representação nas favelas.
 
São necessárias as ações sociais integradas do Poder Público, com saúde, educação, capacitação profissional etc. e respeito mútuo e cooperação entre os integrantes das polícias e os moradores das comunidades. Os policiais militares devem estar atentos em suas posturas e ações, separando o joio do trigo, respeitando o cidadão trabalhador e tendo o máximo de rigor ao lidar com o bandido.

O triste em todo este processo é ler o blog do autor da novela Fina Estampa, Aguinaldo Silva, incomodado com a presença de favelas no cenário da sua mais recente novela, a Barra da Tijuca, o paraíso dos emergentes. Ele afirmou que no Rio as “favelas são intocáveis”. As favelas precisam, antes de tudo, da presença e ação social do Estado.   

*Pedro Castro é jornalista, assessor de Imprensa do Gabinete do prefeito de Salvador.

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