25 de maio de 2012

Isaac Roitman analisa gargalos da ciência brasileira




 
O pesquisador proferiu palestra em comemoração aos 112 anos do Instituto Oswaldo Cruz.

O professor e pesquisador Isaac Roitman, que integra o Grupo de Trabalho de Educação da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), afirma que o Brasil precisa de "um projeto de longo prazo" para garantir seu desenvolvimento social e econômico e que a ciência tem "um papel fundamental" nele.

"Sem esse projeto, vamos continuar a formar recursos humanos que podem ser exagerados para uma área e insuficientes para outras", constata. A reflexão foi exposta ao Jornal da Ciência um dia antes de Roitman proferir a palestra 'Do prêmio Roitman ao Núcleo de Futuros: impressões sobre para onde caminha a ciência no Brasil', realizada hoje (25) no Instituto Oswaldo Cruz (IOC), em comemoração aos 112 anos da instituição. Ele também foi o responsável pelo prefácio do livro 'Uma escola para a Ciência e a Saúde - 111 anos de Ensino no Instituto Oswaldo Cruz', lançado também hoje, sobre o papel do IOC na educação.

Na conferência, Roitman, professor emérito da Universidade de Brasília e da Universidade de Mogi das Cruzes, lembrou a trajetória da ciência no País, incluindo o prêmio Roitman (concedido a pesquisadores que estudavam a Doença de Chagas). "A intenção é dar uma ideia do percurso do desenvolvimento da ciência no Brasil, mostrar pontos positivos e negativos, além de fazer uma reflexão a respeito do futuro da ciência do País", resume.

Problemas - Entre os pontos abordados na conferência, Roitman destaca também as dificuldades que os pesquisadores têm em adquirir insumos e equipamentos do exterior, outro gargalo antigo para a realização de atividades científicas. "É um problema crônico que ainda não foi resolvido". Além disso, Roitman ressalta que também é necessária uma "regularidade de fomento" da ciência no País.

"Temos altos e baixos. No ano passado não foi muito bom e neste tampouco. Mas não vou ser pessimista porque, se compararmos com 20 anos atrás, demos um grande salto", pondera Roitman recordando a dificuldade de fazer as notícias da área circularem poucas décadas atrás.

"Antes não conseguíamos ter a informação científica na velocidade necessária, pois as revistas chegavam três meses depois de publicadas. Com o portal da Capes [o portal Periódicos], tudo melhorou", pontua o também presidente do Comitê Editorial da Revista DARCY de jornalismo científico e cultural. Roitman também observa que "a massa crítica de pessoas aumentou" em relação ao passado. "Antes falávamos com pouca gente, para as paredes, e hoje temos um ambiente mais crítico", conclui.

(Clarissa Vasconcellos - Jornal da Ciência)

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