EDITORIAIS
editoriais@uol.com.br, Folha de S.Paulo, 17/6/2013
Se já não há muita dúvida de que investimentos em educação são vitais para o Brasil avançar social e economicamente, ainda estão longe de ser um consenso quais as melhores medidas para fazer a qualidade do ensino progredir.
O Ministério da Educação caminha na direção correta ao propor um sistema de bonificação para professores que se submetam a curso de aperfeiçoamento. O objetivo é sanar deficiências do docente, com foco em métodos a serem utilizados em sala de aula.
A medida segue fórmula aplicada desde 2012 para professores alfabetizadores, que recebem R$ 200 mensais para participar de programas com dois anos de duração.
A iniciativa é oportuna porque um dos vícios pedagógicos nacionais é dar muita ênfase a pomposas teorias educacionais e deixar de lado o bom e velho ensinar a ensinar, que tem muito mais impacto na vida do aluno e em seus resultados escolares.
Diante de um incentivo pecuniário, é de supor que profissionais procurarão os cursos por conta própria, com efeitos melhores do que se o aperfeiçoamento fosse imposto a todos.
Acerta também o MEC ao indicar que dará prioridade a matemática, física e química. Tais áreas constituem verdadeiros buracos negros na rede pública. Parte considerável dos professores que lecionam essas disciplinas nem sequer tem formação específica.
Como ocorre em outros segmentos do governo federal, porém, o MEC anuncia programas muito antes de eles estarem suficientemente discutidos e detalhados. Fica a incômoda sensação de que o voluntarismo supera o planejamento, fórmula que não funciona bem nem na economia nem na educação.
O ministério quer começar o projeto já no segundo semestre deste ano, mas ainda não tem orçamento definido para essa finalidade. Não se trata de descuido pequeno: qualquer ação relativa à educação básica envolve números grandiosos.
São 6,9 milhões de matrículas no ensino médio brasileiro. Utiliza-se um exército de mais de 400 mil professores. Para além das dificuldades orçamentárias, há desafios práticos nada desprezíveis.
Seria o caso de perguntar como o MEC pretende atender todos esses docentes. Mesmo que somente uma fração deles procure o aperfeiçoamento, existe número suficiente de profissionais capacitados para treiná-los? O que exatamente será ensinado? De que forma a participação e os resultados serão aferidos?
Um bom projeto precisa trazer respostas a essas perguntas.
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