12 de outubro de 2011

Nordeste na rota do tráfico


Redação Carta Capital
12 de outubro de 2011 às 8:49h

Antes da apreensão recorde de cocaína na região na última semana, estudo da ONU e mídia internacional alertavam para a escalada do problema. Foto: Governo dos EUA
Após a apreensão de 530 quilos de cocaína na sexta-feira 7 e sábado 8 no Porto de Suape, em Pernambuco, a Polícia Federal acionou a Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol) para colaborar com as investigações. A remessa, encontrada dentro de 3,5 mil sacos de gesso em cinco contêineres, é a maior interceptada na história do Nordeste do Brasil e a contagem ainda pode aumentar, pois outros 3,4 mil pacotes de gesso serão analisados.
A droga seguia em direção à África, de onde partiria para a Europa. Uma rota que tem ganhado importância junto aos traficantes, antes focados em escoar as drogas por aeroportos e portos do Sudeste, principalmente. De acordo com um relatório divulgado no início do ano pela Junta Internacional de Entorpecentes, órgão ligado às Nações Unidas, a proximidade da região com a África Ocidental despertou a atenção de organizações de tráfico internacional.

A apreensão da PF em Pernambuco, segundo os próprios investigadores, aparenta ter características de um cartel internacional de drogas, uma vez que o produto teria valor estimado de 24 milhões de dólares. A ação corrobora um estudo da instituição apresentado no Senado em abril, indicando a região como uma das principais rotas de tráfico de maconha do Brasil.
Além da proximidade com a África, o diário americano The New York Times aponta em reportagem de agosto que o crescimento econômico e de renda no Nordeste brasileiro na última década atraíram traficantes para um novo mercado em potencial, gerando aumento da violência. Segundo o Mapa da Violência 2011, a taxa de homicídios na região subiu 74% entre 1998 e 2008, passando de 18,5 para 32,1 casos a cada 100 mil habitantes.
Rota principal
De acordo com o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), o Brasil é a principal rota de tráfico de cocaína para a Europa e também o país da América Latina que envia a maior quantidade da droga ao continente.
Entre 2005 e 2009, o número de apreensões de cocaína vinda do País para a Europa aumentou de 25 para 260, passando de 339 quilos para 1,5 tonelada. O órgão ainda indica Brasil, Argentina e Chile como responsáveis por dois terços dos usuários da droga na América Latina.
Um indício de que o Nordeste brasileiro pode estar ganhando maior importância na rota do tráfico internacional de cocaína é o elevado número de recentes prisões de traficantes em aeroportos da região. Apenas em Fortaleza, três estrangeiros foram detidos com um total de três quilos do entorpecente na última semana.
Há cerca de um mês, duas estrangeiras também foram detidas no Aeroporto Internacional de Guararape, em Recife. Uma jovem portuguesa e outra espanhola portavam juntas 5,8 quilos de cocaína. Elas teriam cedido a propostas de até 10 mil euros para levar a droga à Europa.


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