5 de maio de 2012

RIO+20 Debate na ONU trava e países voltarão a negociar documento



Segunda bateria de discussões em Nova York termina em impasse sobre o texto final da conferência no Rio
Esboço foi reduzido de 278 para 150 páginas, mas temas abordados cresceram de 15 para 26 em duas semanas

CLAUDIO ANGELO
ENVIADO ESPECIAL A NOVA YORK
A segunda rodada de negociações sobre a Rio+20 acabou sem terminar ontem, na sede das Nações Unidas, em Nova York. Diante da dificuldade dos países em resolver impasses no texto-base, a ONU convocou mais uma semana de conversas, a partir de 29 de maio.
A reunião conseguiu reduzir o rascunho do documento, batizado "O Futuro que Queremos", de 278 para 150 páginas. O tamanho para que possa começar a ser negociado no Rio é um terço disso.
No entanto, o número de temas a serem tratados cresceu de 15 para 26, e o nível de detalhe diminuiu, devido à resistência dos países em fazer concessões que permitam objetivos mais ambiciosos.
"O texto está muito grande e pouco inteligente", resumiu Marcelo Furtado, do Greenpeace, apontando a diluição do conteúdo do documento.
O Brasil, que considera o seu espaço de manobra reduzido enquanto não assumir a presidência da conferência, em junho, não descarta a necessidade da intervenção de chefes de Estado nas próximas semanas para pôr a negociação de volta nos trilhos.
Entre os temas diluídos em Nova York estão os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Essas metas, no desejo do Brasil, deveriam ser o principal resultado da cúpula.
O país-sede defende que a Rio+20 lance agora um processo para que os objetivos sejam adotados a partir de 2015. O texto, porém, até a manhã de ontem, estava quase todo entre colchetes, o que, na linguagem diplomática, sinaliza falta de acordo.
Até coisas que estavam no texto do chamado "Rascunho Zero", a primeira versão do documento, receberam colchetes, como a proposta de dobrar a quantidade de energias renováveis no mundo em 20 anos. O debate sobre os chamados "meios de implementação" -dinheiro para bancar o desenvolvimento sustentável- também travou, diante da tradicional oposição entre ricos e emergentes.
Mas houve também rachas entre os emergentes. O maior foi no G77, o grupo dos países em desenvolvimento, sobre a reforma das instituições ambientais da ONU.
Os países africanos resolveram manter sua posição de exigir que o Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) seja transformado numa agência.
O restante do bloco prefere criar um Fórum de Desenvolvimento Sustentável para gerenciar as dimensões social, ambiental e econômica do desenvolvimento. O Pnuma seria fortalecido, mas ainda seria uma subagência.
OCEANOS
Também causou cisão entre os países em desenvolvimento a proposta do estabelecimento, no Rio, do embrião de uma convenção para a proteção dos oceanos.
O Brasil tinha interesse na ideia, que poderia ser vendida à sociedade como um resultado concreto da Rio+20. Os europeus foram convencidos. Mas a Venezuela não aceitou, o que levou o tema para novos debates.

Nenhum comentário:

Postar um comentário