16 de dezembro de 2013

Jovens se endividam para custear a educação


15 de dezembro de 2013 | 2h 07

O Estado de S.Paulo
Enquete realizada por uma empresa de tecnologia especializada em recrutamento de pessoal, com base na análise de 1.400 currículos, constatou que 22% dos candidatos a empregos temporários neste final de ano pretendiam uma renda extra para pagar dívidas. Neste grupo, 59% indicaram o cartão de crédito como o motivo do endividamento, vindo a seguir os gastos com educação, com 28% das respostas. O peso dos gastos com estudo surpreendeu, afirmou Fabíola Lagos, coordenadora da enquete na empresa Vagas.

Mas estudantes que não têm ajuda financeira da família são obrigados a recorrer ao cartão de crédito para seu sustento, sobrando pouco para pagar a mensalidade de curso superior ou profissionalizante. Isso é tanto mais verdadeiro com estudantes vindos de cidades onde não existem faculdades ou, quando existem, as opções de cursos são limitadas. Arcam também com o custo de moradia, geralmente em "repúblicas".
A expansão dos empregos formais e a progressiva melhoria salarial proporcionaram o surgimento de uma nova classe média no Brasil, que passou a demandar melhor educação. Grande parte dos estudantes dessa nova classe média, no entanto, não tem o grau de preparo para ingressar em universidades públicas. A maior demanda flui, então, para escolas particulares, apesar da expansão do ensino superior público nos últimos anos.
Os dados do Censo de Educação Superior, do Ministério da Educação, de 2012, mostram 7 milhões de estudantes universitários no Brasil, 73% deles em cursos superiores particulares, quase duas vezes e meia o número registrado em 2001.
Apesar desse rápido aumento, a inadimplência permanece relativamente baixa, em cerca de 8,46% em 2012, segundo o Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo (Semesp). Isso não resulta apenas do esforço de cobrança das instituições, mas também do maior uso pelos estudantes do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), do Ministério da Educação, que proporciona empréstimos a juros baixos. Já o programa Universidade para Todos (ProUni) concede bolsas de estudos, tendo como foco estudantes egressos de escolas públicas e ações afirmativas em favor de negros e índios.
Isso ameniza a situação de muitos, mas não chega a resolver os problemas daqueles que têm de se endividar para obter educação.

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