Informação é resultado de pesquisa do Sistema Firjan; taxa está acima da média da região metropolitana do Rio
Mais de um terço dos jovens de favelas com UPPs (Unidade de Polícia Pacificadora) não trabalha nem estuda, diz pesquisa da Firjan.
De acordo com o levantamento, realizado em sete favelas ocupadas, os jovens têm relação atribulada com a escola, saindo e voltando constantemente, o que impacta na formação e na entrada do mercado de trabalho.
Segundo os dados, 28% dos moradores de favela de 14 a 29 anos não estudam nem trabalham. A taxa está acima da média da região metropolitana do Rio, onde 21% dos jovens nessa faixa etária se enquadram nesse perfil, de acordo com dados do IBGE.
Segundo a Firjan, a proporção aumenta a partir dos 18, quando 34% dos jovens de favelas com UPP não estuda nem trabalha.
"Eles largam aos poucos a escola, parando e voltando a estudar. Repetem ano, param um ano, voltam. Aos 18, quando deviam estar no mínimo entrando no ensino médio, eles abandonam de vez", disse Hilda Alves, gerente de pesquisas do Sistema Firjan, responsável pelo trabalho.
Na análise da coordenadora da pesquisa, a ocupação da polícia nas favelas ainda não conseguiu reverter o quadro. A solução, avalia, se dará apenas no médio prazo, com projetos sociais e programas que incentivem a permanência na escola.
"Eles pensam que parar de estudar é um decisão temporária. Na verdade, esses jovens valorizam a escola, mas não conseguem se manter nela", afirmou Alves.
A operadora de telemarketing Carolina Kelly, 28, está desempregada desde que chegou à Cidade de Deus, há três meses. Mãe de uma menina de cinco anos, ela concluiu o ensino médio há sete em São Paulo, mas não ingressou na faculdade. Queria fazer o Enem para cursar Medicina, mas não conseguiu.
"Sempre que tinha a prova eu estava trabalhando. Mas o que eu quero primeiro é o emprego para depois pensar em faculdade. Preciso do dinheiro para comprar o material, livros, apostila", disse ela.
Para Alves, a valorização precoce do trabalho acaba prejudicando a formação dos jovens.
"Há uma valorização do trabalho. Parece uma contradição porque, como ele valoriza o trabalho, quando surge uma oportunidade ele pega, sem perceber que isso acaba o afastando da escola", disse Alves.
De acordo com os dados da pesquisa, o trabalho é o principal motivo dos homens para interromper os estudos (48,5%). No caso das mulheres, é a maternidade (48%).
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