26 de dezembro de 2013

Por que adotamos avaliações externas?, Claudia Costín

 GLOBO - , 26/12/2013
 


Um dos grandes avanços que tivemos na educação brasileira nos últimos anos foi a introdução de uma cultura de avaliação, expressa em provas como o Saeb, a Prova Brasil, o Enem e a participação do Brasil no Pisa, teste internacional aplicado pela OCDE a jovens de 15 anos de 65 países. Foi este último teste que permitiu ao país recentemente constatar o atraso em que se encontra, com o 58º lugar, a despeito de ser a sétima economia do mundo. Também foi esta avaliação externa que nos mostrou que fomos o país que mais avançou em matemática, entre 2003 e 2012. Com isso, inúmeras medidas focadas poderão ser adotadas (ou reforçadas) para melhorar a educação. No caso do ensino fundamental, aplica-se a Prova Brasil a cada dois anos, para alunos de 5º e 9º anos, e com ela estabelece-se um índice, o Ideb, que permite às redes e a cada escola conhecer seus desafios.
Mas dois anos é muito tempo na vida de uma criança. Erros se cristalizam e medidas de correção só podem surtir efeito para uma próxima geração de alunos. Por isso, muitas redes optam por complementar esta avaliação com outras, de periodicidade mais curta. O município do Rio optou por realizar dois tipos de provas anuais: a AlfabetizaRio, para alunos de 1º ano, com vistas a avaliar se conseguiram se alfabetizar ao fim do ano, e a Prova Rio, para os de 3º, 4º, 6º, 7º e 8º anos, para verificar o desempenho em língua portuguesa, matemática e ciências.
Os resultados destas provas nos possibilitam aferir o grau de avanço educacional do município e de cada escola, sem riscos de autoengano, típicos de avaliações impressionistas ou de incorreções próprias de exames cujo aplicador ou corretor pode ter seus desejos de sucesso influenciando a nota. Ficamos felizes com o grande avanço da rede municipal, mas sabemos também quais são os desafios que persistem, como a reduzida melhora em matemática de 7º ano. Com isso, pudemos investir mais em materiais de apoio ao professor nos tópicos ainda não dominados pelos alunos e melhorar a formação continuada dos professores.
Utilizamos os resultados também para identificar quais alunos precisam de um reforço escolar mais forte. Para eles, foram criadas as turmas do Nenhuma Criança a Menos (para alunos de 3º e 4º anos) e do Nenhum Jovem a Menos (para os de 7º). As escolas com desempenho mais fraco ganham uma escola madrinha, de perfil parecido, mas com resultados mais positivos na prova. Esta escola ajuda a unidade com maiores desafios a elaborar e implantar um Plano de Melhoria da Aprendizagem, que é apresentado ao nível central para que as diferentes áreas identifiquem apoios possíveis. São eles também a base para descobrirmos os talentos ocultos na rede e dar-lhes visibilidade. Com isso, vamos construindo a possibilidade de dar um salto na qualidade da educação, corrigindo rumos e baseando-nos em práticas melhores e testadas. O Rio merece!

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