23 de dezembro de 2013

Juventude e Violencia: Rolezinho nos Shoppings de São Paulo

ANÁLISE
Movimento é expressão das demandas políticas da juventude das periferias
GABRIEL DE SANTIS FELTRANESPECIAL PARA A FOLHA, 23/12/2013
Há dois modos usuais de se conceber o conflito social. O primeiro o vê negativamente, por aquilo que o conflito destrói: a ordem civil, a boa convivência entre pares, o passeio no shopping. Identifica-se sua causa --o desordeiro-- e sua repressão reestabelece a ordem. Essa lógica, no limite, é a da guerra. O inimigo nos ameaça, sua eliminação nos devolve a paz.
O segundo modo de conceber o conflito social o enxerga positivamente, por aquilo que ele produz: ele deixa claro as diferenças entre desiguais e cria um espaço potencial no qual se poderia negociá-las, em pé de igualdade.
Essa visão, em última instância, é a aposta democrática: criar espaços de negociação política igualitária em universo social inevitavelmente desigual. Desse conflito resultam direitos e não repressão. Por exemplo, conflitos entre patrão e empregado produzem direitos do trabalho.
Há dois modos opostos, portanto, de lidar com o conflito que emana dos alto-falantes de jovens favelados, agora nos shoppings centers.
O primeiro é silenciá-los à força. A desordem deve ser reprimida em prol da boa convivência mercantil.
O segundo é escutar a diferença que enunciam em suas músicas. O samba dos morros já a cantou, depois o rap, hoje o funk. Ritmo, letras e corporalidade são cada vez mais agressivos, por que será? O volume, nem se fala: o canto virou grito e, pasmem, segue inaudível.
Jovens que nasceram nas periferias nas duas últimas décadas estão bradando suas demandas políticas em porta-malas de carros financiados. Quadras em "p" resumem ali as alternativas em pauta: "Poder e Paz para o Povo Preto" ou "Prisão do Preto Pobre e Periférico"?
A população carcerária cresce em todo o país --em São Paulo quintuplicou em duas décadas. Como diz o rap: "Se quer guerra, terá/ Se quer paz, quero em dobro".
Quanto mais se tentar silenciar esses meninos à força, ao invés de escutar o que têm dito, mais barulho eles vão fazer. Ainda há escolha.

    Um comentário:

    1. BEM VINDOS AO BRAZIL.. ZIL.. ZIL.. ... O ''PAÍS DA IMPUNIDADE'' ...No ''Extra'' do shopping Itaquera, segundo uma das caixas.. grupo de 15 ou 20 jovens.. passou sem pagar pelos caixas, com bebidas e outros produtos, avisando q eram de ''Cidade Tiradentes'', vieram p/ roubar mesmo.. e a Sra. não viu nada, falô ????..O fato não foi. divulgado.. talvez p/ não incentivar tais atos.. Isto é crime,não Protesto, como classificam esses movimentos...Estão acabando com a única diversão ''BARATA''.., da Família Paulistana, , com razoável segurança...

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