3 de maio de 2012

Violência paulistana




ROGÉRIO GENTILE
SÃO PAULO - A violência voltou a recrudescer em São Paulo nestes últimos meses, como mostram as estatísticas recém-divulgadas, mas o governo paulista, no entanto, optou por minimizar a situação.
Os homicídios cresceram 14,2% no primeiro trimestre em comparação com o mesmo período do ano passado. Os assaltos aumentaram 4,7%, e os roubos de veículos, 21,5%.
Até os arrastões estão mais frequentes. De janeiro a abril, houve 10 casos em edifícios residenciais contra 12 em 2011. E com a peculiaridade que agora a classe média passou a ser alvo com muito mais frequência.
Mais da metade foi em prédios de padrão médio, que normalmente não têm aparatos de segurança tão eficientes quanto os de condomínios de maior poder aquisitivo.
Em seu discurso de posse na semana passada, o novo comandante da Polícia Militar, Roberval França, prometeu, de forma genérica, rever métodos de trabalho, mas não tratou do aumento da violência. Em vez disso, preferiu falar nas "inúmeras conquistas da segurança pública". Sem dar exemplo algum, disse que o Estado possui hoje "indicadores comparáveis aos de países desenvolvidos."
O chefe da Polícia Civil, Marcos Carneiro Lima, foi na mesma linha. Ao ser questionado sobre o aumento nos homicídios, declarou que houve uma oscilação natural e que isso pode ter ocorrido em decorrência de "questões climáticas".
Segundo ele, em março de 2011, houve uma queda atípica dos assassinatos, abaixo da média histórica, que prejudicou a comparação. "Foi um ponto fora da curva", explicou.
O curioso é que, em março passado, a queda era comemorada como resultado da inteligência policial e do investimento em tecnologia. Agora, diante dos números negativos, tudo virou "oscilação natural".
Violência é um tema sério demais para ser tratado por eufemismos e explicações ligeiras. Ao minimizar o problema da criminalidade, o governo corre o risco de perder a mão.

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