País liderou avanço em exame internacional em nove anos, mas tendência perdeu força após 2009
Desempenho não foi suficiente para tirar Brasil das últimas colocações --em 58º lugar entre 65 países
O Brasil é o país em que os alunos mais avançaram em matemática nos últimos nove anos. Ainda assim, segue entre os piores do mundo --e a melhoria perdeu força entre 2009 e 2012.
O panorama está presente nos resultados do principal exame internacional da educação básica, o Pisa, que avalia alunos de 15 e 16 anos em matemática, leitura e ciências (idade referente ao ensino médio brasileiro).
A média do Brasil em matemática subiu de 356 para 391 pontos (ganho de 9,8%) entre 2003 e 2012. No período, a média dos países ficou estável --foi de 486 para 487.
É como se o aluno brasileiro de agora tivesse quase um ano a mais de escolarização do que o de 2003.
O desempenho, porém, não foi suficiente para tirar o país das últimas colocações. Está em 58º lugar, entre 65 países, atrás de Cazaquistão, México e Uruguai. E à frente de Colômbia e Jordânia.
A maioria dos alunos brasileiros não consegue acertar uma questão em que é preciso apenas interpretar dados num gráfico com barras, sem necessidade de cálculos.
Outro problema é que, apesar do forte crescimento em nove anos, o ritmo desacelerou recentemente. Se de 2006 para 2009 o avanço foi de 16 pontos, no triênio seguinte caiu para 5. A prova é aplicada a cada três anos.
O relatório da OCDE (entidade que reúne países desenvolvidos e organiza a prova) afirma que cerca de metade do ganho na média entre 2003 e 2012 se deve às melhorias socioeconômicas no país. A outra metade coube a melhorias no sistema de ensino.
DEBATE
"Nossa fotografia ainda não é boa e não temos que nos acomodar. Porém, o nosso filme é muito bom", afirmou o ministro da Educação, Aloizio Mercadante.
Cabe à União induzir políticas de melhoria nas redes --mais de 80% dos alunos estão em escolas estaduais.
Para o ministro, as Olimpíadas da Matemática foram um dos fatores que ajudaram a melhorar as notas na área. "Isso gera autoestima."
Diretora-executiva da ONG Todos pela Educação, Priscila Cruz diz que tem mobilizado as escolas em divulgação de dados que mostram problemas na disciplina.
O pesquisador Naercio de Aquino de Menezes (do Insper e da USP) destaca que o país tinha condições de dar um salto porque o desempenho era muito baixo. "Só recuperamos o atraso."
O Consed, conselho que reúne os secretários estaduais de Educação, diz ser difícil eleger uma iniciativa como explicação, pois há ações espalhadas pelos Estados.
PÚBLICO x PRIVADO
Avaliadas separadamente, as redes federal e particular têm desempenhos melhores que a média brasileira. As federais têm desempenho compatível com a média da Itália (32º). Já as particulares são compatíveis com Israel (41º).
Em leitura, o Brasil está em 55º e, em ciências, em 59º. As três matérias são avaliadas, mas nesta edição o foco das análises foi matemática.
Nas duas disciplinas, o país também melhorou se considerado os nove anos, mas o avanço perdeu força. Cerca de 20 mil alunos brasileiros fizeram a prova.
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