17 de abril de 2011

Aumenta a distância na escolaridade no Brasil



17 de abril de 2011
| O Globo

Brancos têm 1,8 ano a mais de estudio
  BRASÍLIA. A baixa escolaridade continua sendo uma das maiores mazelas do Brasil e é uma realidade mais constante para pretos e pardos do que para os brancos, segundo o Relatório de Desigualdades Raciais do Laboratório de Análises Econômicas, Históricas, Sociais e Estatísticas das Relações Raciais (Laeser), da UFRJ.
- O sistema educacional se expandiu e construiu uma desnecessária desvinculação entre massificação e qualidade. Não se pode tratar de forma homogênea um público heterogêneo - disse o especialista Marcelo Paixão, um dos autores do documento, que será lançado amanhã.
Quando esmiuçados os indicadores das populações pretas e pardas, vê-se que o problema é ainda muito pior.
Enquanto a média de anos de estudos das pessoas brancas com idade superior a 15 anos, que era de 5,2 anos em 1988, passou para 8,3 anos duas décadas depois, entre os negros do mesmo grupo etário o indicador passou de 3,6 para 6,5 anos em igual período. Com isso, a diferença entre os totais de anos de estudos de brancos e negros passou de 1,6 ano para 1,8 ano.
Outro dado importante é que 55,3% dos jovens entre 11 e 14 anos cursam a série errada. Entre brancos, a parcela é de 45,7%, contra 62,3% de negros.
- Os dados ajudam a criticar a tese de que há universalização da educação - afirmou Paixão.
Crianças negras também têm o pior desempenho escolar do país e sofrem com as condições mais precárias das escolas públicas. Ou seja, a escola ajuda a perpetuar a desigualdade. Isso porque 90% dos negros frequentam as escolas públicas. Este percentual cai para 80% entre as crianças brancas. "Logo estes estudantes padecerão dos problemas das escolas públicas com uma intensidade maior do que os estudantes brancos", diz o estudo.
Segundo o especialista do Ipea Jorge Abrahão, o entorno social e econômico das famílias e a questão cultural também estão por trás das desigualdades. Abrahão afirma que não se pode ignorar ainda um viés de discriminação que permeia a sociedade. (Vivian Oswald)

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