14 de fevereiro de 2011

educação brasilera: Correção de rumo

Diário Catarinense | Editorial | SC


Uma interrogação intriga, por não ter respostas convincentes, organismos e observadores internacionais entusiasmados com a capacidade do Brasil de estabilizar e modernizar sua economia. Por que um país que, em pouco tempo, superou a etapa de nação em desenvolvimento e se candidata a ser uma das novas potências mundiais, não avança na educação como avançou na gestão econômica? Em seu primeiro pronunciamento pela TV, na noite de quinta-feira, a presidente Dilma Rousseff admitiu o atraso e, ao mesmo tempo, se comprometeu a oferecer o esforço prioritário da União para a superação das deficiências no setor. A escolha do tema para a fala inaugural à nação é mais uma sinalização positiva dos primeiros gestos do novo governo, se as intenções de fato se traduzirem em ações transformadoras.
O cenário da educação brasileira, principalmente no ensino básico, é vergonhoso em relação a tudo que o país conseguiu para reordenar a economia e promover, como decorrência, conquistas sociais relevantes. Os brasileiros que ascenderam socialmente e desfrutam merecidamente da prosperidade são os mesmos que, por manter os filhos em escolas públicas, não têm o direito de vislumbrar melhorias significativas na formação das novas gerações. Falharam sucessivos governos, sem exceção, ao ignorar as lições de países que só alcançaram o desenvolvimento a partir de uma base sólida na educação. Corrigir esse erro e reparar também uma dívida histórica com seus cidadãos deve ser uma das tarefas inegociáveis da nova administração, com o envolvimento das comunidades, ou nada do que for feito em outras áreas terá sentido.
O atraso é tanto que, num ranking mundial do ensino básico, elaborado pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), no final do ano passado, ficamos em 88º lugar entre 128 países, atrás de Colômbia, Bolívia e Paraguai. Esse Brasil retardatário, com escolas precárias, professores mal pagos e alunos desmotivados é reconhecido como tal pela presidente, que promete investir na formação e na remuneração dos professores, na ampliação das escolas técnicas, que terão uma espécie de ProUni, e na correção dos erros que quase comprometeram o Enem. É um começo que pode recuperar, se tiver a cumplicidade de toda a sociedade, parte do tempo perdido com o desprezo pela educação.

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