11 de setembro de 2012

Ranking mundial de competitividade: e o Brasil?



Um avanço relativo

10 de setembro de 2012 | 3h 06

O Estado de S.Paulo
Mais competitivo, mas não menos problemático. Esta talvez seja a avaliação mais adequada do avanço do Brasil no ranking mundial de competitividade de 2012, elaborado pelo Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês), pois, se há motivos para comemorar, ainda há muitas dificuldades para serem superadas. Depois de destacar a melhora neste ano - com o avanço de cinco posições na classificação, o Brasil passou a fazer parte do grupo das 50 economias mais competitivas do mundo, ocupando o 48.º lugar num conjunto de 144 nações -, o WEF ressalva que o País ainda tem importantes desafios a superar.
São, na verdade, desafios antigos, a maioria citada invariavelmente em relatórios anteriores do WEF, mas com os quais - por não terem sido até agora encarados com a necessária firmeza e competência, sobretudo pelo poder público - o País tem sido obrigado a conviver. Alguns deles, na avaliação do WEF, tornaram-se mais agudos. No conjunto, eles representam séria ameaça ao crescimento e à modernização da economia brasileira.
O avanço do Brasil no Relatório de Competitividade Global de 2012-2013 deve-se, em grande medida, a circunstâncias conjunturais e a uma mudança na metodologia utilizada pelo WEF para avaliar a competitividade das nações. Num mundo em crise, a comunidade empresarial fez uma avaliação mais positiva da economia brasileira. Medidas de estímulo à atividade econômica, entre as quais a redução da tributação para alguns setores e a redução da taxa básica de juro, contribuíram para isso.
Quanto à metodologia, a instituição deixou de incluir o spread bancário entre os indicadores de competitividade, pois as diferenças do cálculo desse indicador distorciam a comparação entre os países.
A avaliação dos empresários e os custos financeiros fazem parte do conjunto "ambiente macroeconômico", um dos que formam o índice de competitividade do WEF. Nesse conjunto, o Brasil saiu da 115.ª posição no relatório de 2011 para a 62.ª. Os economistas da Fundação Dom Cabral, responsáveis pela análise dos dados sobre o Brasil para o estudo do WEF, reconhecem que, mesmo sem a eliminação do spread, a posição geral do País teria melhorado, mas não tanto quanto registrou o WEF.
O Brasil manteve a boa classificação em outros itens, entre os quais a sofisticada comunidade de negócios. Ela se beneficia de um dos maiores mercados de consumo, que lhe assegura importantes economias de escala, e também da relativa facilidade de acesso a financiamentos para programas de investimentos, observa o relatório do WEF.
Quanto a outros conjuntos que medem a competitividade atual e, sobretudo, apontam para a evolução desse índice no futuro, no entanto, em geral o Brasil vai mal, muito mal. É muito baixa a confiança nos políticos (nesse item, o Brasil ocupa a 121.ª posição), o que pode ser facilmente explicado por fatos como os que estão levando à condenação de réus do processo do mensalão. É baixa a eficiência do governo, como mostra sua dificuldade para tirar projetos do papel e, quando o faz, em executá-los com presteza e lisura.
O estudo relaciona entre os problemas que reduzem a competitividade do Brasil a precariedade da infraestrutura de transportes, além da burocracia e do complexo sistema tributário, apesar das medidas que facilitaram as operações das pequenas e médias empresas. O que mais preocupa, porém, é a constatação de que, apesar de apontada há anos como o grande desafio para o País, a qualidade da educação continua a se deteriorar. O Brasil perdeu nove posições no ranking de educação superior e formação técnica.
Se serve de consolo, parceiros preferenciais do governo Dilma estão em situação pior, e continuam a cair. O Uruguai perdeu 11 posições na classificação geral (está na 74.ª posição) e a Argentina, 10 (é a 94.ª). Nem o poderoso mercado interno nem o alto nível de educação de sua população têm sido fortes o bastante para a Argentina resistir às aventuras políticas da presidente Cristina Kirchner, que intervém cada vez mais na economia, produz déficit público e alimenta a inflação.

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