2 de janeiro de 2014

KENNETH MAXWELL, O ano que nos aguarda


A Copa do Mundo começa em 12 de junho. Está a apenas seis meses de distância. As obras em muitos dos estádios da Copa estão muito atrasadas. E os custos de acomodação e viagem para os torcedores que irão à Copa já são previstos como astronômicos. A Copa do Mundo é um dos poucos eventos internacionais que atrai cidadãos médios em todo o planeta. E em junho o mundo todo estará observando o Brasil.
Como na Copa das Confederações, no ano passado, as partidas da Copa do Mundo serão realizadas em cidades de todo o Brasil. Elas serão alvo irresistível para manifestações. Porque nenhuma das queixas que levaram as pessoas às ruas no ano passado deve ser resolvida antes de junho deste ano, há de novo o risco de que o descontentamento seja explorado pelos ativistas.
A eleição presidencial acontece em outubro. Se nenhum candidato receber mais de 50% dos votos em 5 de outubro, o segundo turno acontecerá em 26 de outubro.
A presidente Dilma Rousseff, do Partido dos Trabalhadores (PT), é a atual favorita. Mas ainda é cedo demais para descartar Aécio Neves, candidato do PSDB. E o desafio representado por Eduardo Campos, do PSB, e Marina Silva, tampouco deve ser subestimado. Tanto Campos quanto Silva foram ministros do governo de Lula, e formaram uma inesperada aliança eleitoral depois que o TSE se recusou a reconhecer o movimento político de Marina.
Dilma tem o apoio do ex-presidente Lula, que, como o PT, continua a ser uma força política formidável. Aécio teve sucesso como governador de Minas Gerais. É neto por parte de mãe e herdeiro político do formidável político mineiro Tancredo Neves, que morreu antes de poder assumir como primeiro presidente civil, ao final do regime militar, em 1985. Mas Eduardo Campos acredita que o público esteja cansado da polarização entre PT e PSDB. Campos é um governador de grande popularidade em Pernambuco. Seu avô, Miguel Arraes, foi governador de Pernambuco por três vezes e viveu no exílio durante o regime militar.
Marina Silva é filha de um seringueiro do Acre, no oeste da Amazônia. De origem humilde, como Lula, ela foi uma das expoentes do PT, com Chico Mendes, o ativista ecológico assassinado. Marina é popular entre os manifestantes de rua que abalaram o Brasil em junho passado, e é uma ambientalista internacionalmente respeitada. Também é evangélica, o que não é desvantagem para muitos eleitores evangélicos.


Uma coisa é certa: com os desafios da Copa do Mundo, seguidos por uma disputa presidencial dura, 2014 será um ano muito interessante no Brasil.
Folha de S.Paulo, 2/1/2014

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