8 de maio de 2012

Fortaleza em 10º lugar no número de homicídios de mulheres


O Povo online, 08/05/2012

Mapa da Violência 2012 indica que Brasil é o 7º em homicídios de mulheres no mundo. Ceará é o 21º no País e Fortaleza é a 10ª capital. Sistema defasado torna ainda mais difícil a garantia de direitos das mulheres agredidas.
ALEX COSTA, EM 03/08/2007
No Brasil, a violência contra a mulher ainda é uma triste realidade
“Ele é um funcionário público respeitado, bom pai e espancador de mulher”, dispara a cabeleireira de 39 anos, esperando atendimento na Delegacia de Defesa da Mulher de Fortaleza. Ela estava no local para fazer um boletim de ocorrência e mudar a vida. “Eu quero viver”, decreta com a certeza de quem não quer perder mais um minuto da vida. 

A violência sofrida é física e psicológica, e a tentativa de basta é para que ela não entre nas estatísticas que colocam Fortaleza na 10ª posição na lista das capitais com mais homicídios de mulheres, segundo dados de 2010. Naquele ano, foram 68 mulheres assassinadas na Capital. No Ceará, foram 165, o que coloca o Estado como o 21º no País. As informações fazem parte do Mapa da Violência 2012.

As agressões contra mulheres, segundo o Mapa, teve como cenário a casa das vítimas em 68,8% dos casos. Em 42,5% deles, o agressor era o parceiro ou ex-parceiro.
 
Sistema defasado

Os profissionais que lidam com os casos, milhares de processos e a violência nas mais diversas formas indicam que o sistema, que deveria contar com ferramentas para proteger e compor a retaguarda das denúncias realizadas pelas mulheres, é defasado e falho.

Segundo a promotora de Justiça Valeska Nadehf, a cidade deveria ter, pelo menos, cinco delegacias de proteção à mulher, uma vez que o indicado é uma para cada grupo de 500 mil habitantes. Entretanto, só existe uma.

“Essa realidade agrava muito o atendimento à mulher em situação de violência. Como uma delegada e uma substituta podem dar conta?”, questiona, indicando que muitos procedimento são acumulados. Situação parecida com a proporção entre juízes, promotores e processos.

“A gente atua na busca de articulação, mas não conseguimos avançar nessas políticas com o Governo do Estado, que não tem sido sensível à necessidade de implantar novas delegacias. A gente precisa de recurso humano e físico para agir. Sem verba destinada para isso, a gente fica travado e não pode fazer nada”, explicou.

O resultado é um sistema de atendimento precário e impossibilitado de dar vazão ao número de casos. A defensora pública Ana Cristina Barreto indicou que muitas mulheres suportam a violência por longo tempo e só buscam ajuda quando uma sentença de morte se concretiza.

Ela indica que, quando buscam ajuda, a demora imposta pela estrutura do sistema e do aparelhamento físico dá espaço para agressões ainda mais graves e até mortes. Com esse cenário, as mulheres ficam desprotegidas e desmotivadas para registrar queixas e ir adiante nos respectivos processos.

A reportagem entrou em contato com a Delegacia de Defesa da Mulher, mas a titular não estava no local na tarde de ontem. Para elencar as perspectivas da construção de novas delegacias, O POVO entrou em contato com a assessoria da Polícia Civil, mas foi informado que as informações precisavam ser levantadas e a respostas não poderiam ser dadas até o fechamento desta edição.

O quê
ENTENDA A NOTÍCIA

De 2000 a 2010, 43,5 mil mulheres morreram, vítimas de assassinato no Brasil. A maioria das mulheres vítimas de agressão tem entre 15 e 29 anos. Uma delegacia em Fortaleza precisa dar conta dos casos que chegam a ser notificados. Muitos o medo impede de serem descobertos.

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