8 de maio de 2012

Números Macabros: Homicio de mulheres no Brasil

Estado de Minas, Editorial, 8 de Maio, 2012


Pesquisa realizada pelo respeitado Instituto Sangari, de São Paulo, traçou o mais novo mapa da violência em todo o país, com dados de até 2010, obtidos de várias fontes oficiais. No capítulo das mortes por acidentes de trânsito, o estudo traz à reflexão a confirmação, em números impressionantes, das piores impressões que as pessoas recolhem todos os dias nas ruas e nas estradas do país. E o pior: em Minas a situação chega a ser ainda mais preocupante. Para começar, o avanço acelerado das frotas de automóveis, caminhões, ônibus e, principalmente, de motocicletas explica apenas em parte o aumento do número de acidentes e de mortes em consequência deles. Nos 14 anos compreendidos entre 1996 e 2010, mais de meio milhão de pessoas (518,5 mil) perderam a vida no trânsito urbano e rodoviário. Nos últimos anos, a despeito de todas as campanhas de orientação a motoristas e motociclistas e do advento de leis mais rigorosas tentando reduzir a dimensão dessa tragédia, a morte tem insistido em ceifar cada vez mais gente nos acidentes envolvendo ou provocados veículos motorizados de duas ou mais rodas.


Na verdade, o aumento do número de acidentes com mortes tem crescido mais do que o das frotas. Houve um breve recuo entre 1996, quando tinham sido registrado 35.261 óbitos nas ruas e estradas do país, para 29.569, em 2000. Depois disso, a situação foi se deteriorando persistentemente, até chegar em 2010 com 40.989, um crescimento acumulado de 46,7%. Em Minas, a tragédia não tem sido menor. Pelo contrário. As estatísticas macabras de vidas levadas pelos acidentes de trânsito estão avançando ainda mais depressa. De 2000 para 2010, o número de óbitos pulou de 2.247 para 4.044, um preocupante aumento de 80%, praticamente o dobro do registrado em todo o país.

A análise mais detalhada dos números divulgados pela pesquisa em relação aos acidentes registrados em Minas mostram um detalhe revelador. Em todo o país, os especialistas chamam a atenção para o crescimento assustador dos acidentes envolvendo motociclistas. No período pesquisado, eles aumentaram nada menos do que 846,5% em todo o país, superando, na maioria dos estados, o número de óbitos causados pelos automóveis. Em Minas não foi assim. Os acidentes com motos também estão aumentando no estado. Mas dos 4.044 óbitos registrados em 2010, o número dos provocados por motos em Minas ficou em 838, enquanto os acidentes envolvendo automóveis somaram 1.930. Em São Paulo, estado que tem frotas tanto de carros quanto de motos maiores do que as mineiras, as motos mataram 2.016 pessoas, superando as provocados por automóveis, 1.735.

A explicação é simples e não oferece motivo para comemorações. Especialistas lembram que esse estudo soma as mortes nas estradas com as ocorridas nas ruas. É simples, mas não deixar de ser uma afronta às lideranças políticas mineiras. Afinal, trata-se mais uma vez do resultado do descaso da União com a malha rodoviária federal que corta Minas, a maior do país, e que tem sido campeã de tragédias todos os anos. A Rodovia da Morte (trecho da BR-381, entre e Governador Valadares), partes da BR-040 e o lastimável Anel Rodoviário de Belo Horizonte, apenas para citar alguns exemplos, insistem em desafiar a tradição política dos mineiros e a desmentir a importância de ser o segundo colégio eleitoral e a terceira economia regional do país.

Nenhum comentário:

Postar um comentário