26 de junho de 2014

Brasil é o país em que professor mais perde tempo com bagunça em sala de aula

O ESTADO DE S. PAULO

25 Junho 2014 | 13h 09

Uma a cada cinco horas dos docentes em classe é desperdiçada com indisciplina; levantamento foi divulgado pela OCDE

Atualizada às 23h03
Controlar a bagunça e pedir silêncio aos alunos consomem 20% das horas dos professores brasileiros em sala de aula. O desperdício de tempo dos docentes no País é o maior em uma lista de 32 nações. A média internacional de perdas por indisciplina é de 13%.
Isso é o que mostra a Pesquisa Internacional sobre Ensino e Aprendizagem (Talis) divulgada nesta quarta-feira, 25, pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Os dados do Brasil foram coletados em 2013 em 1.070 escolas, com quase 14,3 mil professores e cerca de 1,1 mil diretores. 
Para resolver tarefas administrativas, os docentes brasileiros ainda gastam 12% das horas em sala. Isso significa que sobra apenas 68% do tempo dos professores para atividades de ensino e aprendizagem. Segundo o estudo, um em cada quatro professores do Brasil gasta ao menos 40% das horas em sala com tarefas que não são de ensino. 
Mário Pereira, professor de Artes na rede pública de São Paulo há mais de 20 anos, confirma que a desordem atrasa o cronograma de conteúdos. “A saída é resolver pelo diálogo, o que nem sempre é fácil”, relata. “Já interrompi aula porque uma aluna chutou a porta ao entrar.”
A pesquisadora da Fundação Carlos Chagas Gabriela Moriconi, que participou do estudo, afirma que o apoio ao docente, em geral, é escasso. “As equipes escolares são pequenas. Faltam profissionais com quem o professor possa contar quando o problema de comportamento é grave. Isso acontece, por exemplo, no Canadá e na Inglaterra”.
Jornada. O levantamento também revelou que o professor brasileiro trabalha mais tempo do que os colegas estrangeiros. Em média, gasta 25 horas semanais em classe, 6 a mais do que a média internacional. “No exterior, é comum que os professores trabalhem em tempo integral, em uma única escola”, diz Gabriela. “O professor brasileiro tem pouco tempo para planejar as aulas”, criticou. 

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